Náusea
Náusea
com a falta de memória que os novos têm
dos velhos que os deram à luz
Náusea
com a voz de sabonete do líder pedinte
de mais ferramentas para matar
Náusea
com os que lhe dão o milho
ao bico amestrado
Náusea
com o avô verde que informa
como e quantos matou desta vez
Náusea
com os que de batina põem na mão de crianças
um crucifixo sem boneco
Náusea
com os do dinheiro que jogam o jogo
de três copos e uma bola com os velhos pobres
Náusea
com os que saltitam de lugar em lugar
recolhendo moedas e sorrindo com acinte
Náusea
com a ignorância que desemboca no desastre
sobre os desastrados e as suas escolhas
Náusea
com os que arriscam o Armagedão
que queimará os que nem sabem o que isso é
Náusea
com os que morrem simplesmente porque são pobres
Estou com receio de que a náusea
me faça vomitar o mundo.
Já Sartre sentiu NÁUSEA e sobreviveu.
ResponderEliminarMas talvez de vez em quando, tenha vomitado o mundo.
EliminarOu o mundo de vez em quando, o tenha vomitado 🤮
EliminarÉ tudo uma questão de perspectiva.
Não me parece que isso tenha acontecido. Vomitou o mundo, ou parte dele, quando recusou o Nobel.
EliminarCoqueteria, simplesmente coqueteria!!
EliminarCoragem e convicção... simplesmente.
EliminarO Mandarim de Paris causou NÁUSEA 🤮 a muita gente ... às vezes até à Simone de Beauvoir.
EliminarConclusão: o mundo causa-nos NÁUSEA 🤮 no entanto, não devemos esquecer que também nós causamos NÁUSEAS ao mundo.
Claro que a anónima sou eu: Teresa Palmira Hoffbauer
EliminarNão sei se foi assim, acredito que entre eles houve algo de superior. É ver o livro de Simone, A Cerimónia do Adeus.
EliminarComo uma “menina bem comportada” li toda a obra da Simone e do Jean-Paul.
EliminarHouve algo de superior na verdade, mas nem tudo foi um mar de rosas 🥀
Termino a discussão, sem NÁUSEA, e vou almoçar com familiares.
Qualquer ponto de contacto do texto que hoje publiquei com a obra de Sartre com o mesmo nome, é totalmente casual sendo unicamente o mais evidente, apenas o título.
EliminarEu compreendi que esta explicação tem a ver com a minha publicação desta noite.
EliminarClaro que „A NÁUSEA“ de Sartre não é a NÁUSEA do poema.
A associação é simplesmente o título.
Nós somos parte integrante desse mundo que nos nauseia e que, de quando em quando, vomitamos. A náusea é um direito que conquistámos a pulso, já que para o grande capital a náusea ligeira é um estado natural. Que a NOSSA náusea seja profunda e arrancada das entranhas para que se distinga bem da nauseazinha diletante dos senhores do mundo.
ResponderEliminarForte abraço, L.!
O seu comentário adiciona significado à publicação de hoje.
EliminarUm abraço.
Ah! Como me revejo no teu excelente texto poético!..!!
ResponderEliminarSeguimos nauseados, contentes na vida como num baile de máscaras. Basta-nos o agrado do traje, que no baile é tudo. Somos servos das luzes e das cores, vamos dançando com a verdade que está por baixo dos trapos, que não é senão a paródia íntima da verdade do que nos supomos...
Náusea sim! Acabemos com todas as máscaras que ocultam a náusea!
Expurguemos todas as farsas! Definitivamente!
Um abraço!
Mais um comentário que vem enriquecer o texto que publiquei hoje. Estou de acordo.
EliminarUm abraço também para si.
Não me conheço vivendo algo diferente, sempre assim foi, com mais ou menos requinte servida aos que engolem tudo como se normal fosse.
ResponderEliminarNáusea sim, mas não permito deixar-me diluir ou afogar na abundante náusea de todos os dias de forma a sobreviver neste pântano.
Abraço, continuação de uma boa semana.
Apreciei o seu comentário, concordo com o que disse.
EliminarUm abraço.
Outro!
Eliminar“Tenho vontade de vomitar, e de me vomitar a mim...
ResponderEliminarTenho uma náusea que, se pudesse comer o universo para o despejar na pia, comia-o.”
Álvaro de Campos
Cada vez mais é a náusea, infelizmente. Abraço poético
Não conhecia a citação que teve a amabilidade de reproduzir.
EliminarSaúdo a sua vinda.
Um abraço.
Poema instigante! Gostei de ler. Quantos de nós não tem náuseas ao deparar-se com o mundo como está?
ResponderEliminar.
Coisas de uma Vida...
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Beijo. Boa tarde.
É verdade, há dias em que só vemos coisas que nos desagradam.
EliminarUm abraço.
Elvira Carvalho deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarUm poema-denuncia muito intenso. Um vómito de revolta, que deveria ser uma pedrada no charco da indiferença daqueles para quem a vida do seu semelhante nada vale, se eles ainda tivessem capacidade de sentir.
Abraço e saúde
Cara Elvira, gostei do seu comentário, sinto-me gratificado ao verificar que valorizou a atitude expressa no texto.
EliminarSaúde, um abraço.