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Não confessarei


Se virem por aí uma sombra imóvel escondida 

ou souberem de alguém que tentou provocar o fim da luz 

ou cruzarem uma esquina sombria de um desejo recalcado 

ou ouvirem o murmúrio de uma canção pecaminosa

ou perceberem a desmemória das mãos que foram oferecidas 

ou repararem nas marcas num corpo que nunca as revelou

ou acharem já não haver impedimento para a loucura

talvez me identifiquem mas

saibam que não me esconderei se me vierem buscar 

e não confessarei que o meu amor já não procria.





14 comentários:

  1. Boa noite:

    “Diz-se que antes de entrar no mar um rio treme de medo.
    Ele olha para trás, para o caminho percorrido, desde o cimo das montanhas ao longo leito sinuoso que atravessa florestas e cidades.
    E à sua frente, ele vê um oceano tão vasto, que entrar nele apenas parece ter de desaparecer para sempre.
    Mas não há outra maneira.
    O rio não pode voltar atrás.
    Ninguém pode voltar atrás.
    Na existência voltar atrás não é possível.
    O rio precisa correr o risco de entrar no oceano porque só então o medo desaparecerá, porque é quando entra no oceano que o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas de se tornar oceano."
    "O medo" Khalil Gibran

    https://www.youtube.com/watch?v=K_IXi4VceRM


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    1. Apreciei o poema que teve a amabilidade de reproduzir aqui.
      Muito Obrigado.

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  2. Uma fotografia / tela pintada, poderosa. Gostei muito.
    Um poema impressionante, que me deixou meio atarantada.Vou reler.
    Beijo Luis

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    1. O autor fica satisfeito quando toca a sensibilidade do leitor.
      Obrigado.

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    2. Luis desculpe. Só agora notei que apareci Anónima. Não entendo o que passa.
      Bjs

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    3. Quase adivinhei mas não tinha a certeza.

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  3. Bom dia
    "Este não confessarei"
    não será preciso confessar, pois o Poeta tem o seu alibi já todo escrito e decorado
    a foto está muito bem para o poema
    e se restar o medo mesmo assim com medo não confessará.
    Desejo uma semana abençoada com saúde e harmonia.
    :)

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  4. Tão despojado de qualidades se nos retrata, que a única que nos confessa é a da lealdade àquilo que é, L.
    E quem se atreveria a tentar fazê-lo confessar que o seu amor já não procria, quando tanto o vemos procriar através dos seus poemas?
    Forte abraço!

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    1. A única possibilidade de me reproduzir é esta, através do que produzo, o mundo já não conta connosco mas nós ainda cá estamos.
      Um abraço.

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  5. “O MEDO” seja ele o medo de um rio que não quer entrar no mar ou o medo de um poeta que receia as sombras imóveis escondidas — o medo é sempre irracional. O medo é que faz de nós cobardes como já dizia Mia Couto.

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    1. O medo só existe quando se desconhece o objecto do medo e... nós desconhecemos tantas coisas.

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  6. Um poema instigante, ornamentado com uma bela imagem :)
    .
    A luz, a minha ingénua escuridão...
    .
    Beijo boa noite.

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