Não confessarei
Se virem por aí uma sombra imóvel escondida
ou souberem de alguém que tentou provocar o fim da luz
ou cruzarem uma esquina sombria de um desejo recalcado
ou ouvirem o murmúrio de uma canção pecaminosa
ou perceberem a desmemória das mãos que foram oferecidas
ou repararem nas marcas num corpo que nunca as revelou
ou acharem já não haver impedimento para a loucura
talvez me identifiquem mas
saibam que não me esconderei se me vierem buscar
e não confessarei que o meu amor já não procria.
Boa noite:
ResponderEliminar“Diz-se que antes de entrar no mar um rio treme de medo.
Ele olha para trás, para o caminho percorrido, desde o cimo das montanhas ao longo leito sinuoso que atravessa florestas e cidades.
E à sua frente, ele vê um oceano tão vasto, que entrar nele apenas parece ter de desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira.
O rio não pode voltar atrás.
Ninguém pode voltar atrás.
Na existência voltar atrás não é possível.
O rio precisa correr o risco de entrar no oceano porque só então o medo desaparecerá, porque é quando entra no oceano que o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas de se tornar oceano."
"O medo" Khalil Gibran
https://www.youtube.com/watch?v=K_IXi4VceRM
Apreciei o poema que teve a amabilidade de reproduzir aqui.
EliminarMuito Obrigado.
Uma fotografia / tela pintada, poderosa. Gostei muito.
ResponderEliminarUm poema impressionante, que me deixou meio atarantada.Vou reler.
Beijo Luis
O autor fica satisfeito quando toca a sensibilidade do leitor.
EliminarObrigado.
Luis desculpe. Só agora notei que apareci Anónima. Não entendo o que passa.
EliminarBjs
Quase adivinhei mas não tinha a certeza.
EliminarBom dia
ResponderEliminar"Este não confessarei"
não será preciso confessar, pois o Poeta tem o seu alibi já todo escrito e decorado
a foto está muito bem para o poema
e se restar o medo mesmo assim com medo não confessará.
Desejo uma semana abençoada com saúde e harmonia.
:)
Gostei do seu comentário.
EliminarObrigado
Um abraço.
Tão despojado de qualidades se nos retrata, que a única que nos confessa é a da lealdade àquilo que é, L.
ResponderEliminarE quem se atreveria a tentar fazê-lo confessar que o seu amor já não procria, quando tanto o vemos procriar através dos seus poemas?
Forte abraço!
A única possibilidade de me reproduzir é esta, através do que produzo, o mundo já não conta connosco mas nós ainda cá estamos.
EliminarUm abraço.
“O MEDO” seja ele o medo de um rio que não quer entrar no mar ou o medo de um poeta que receia as sombras imóveis escondidas — o medo é sempre irracional. O medo é que faz de nós cobardes como já dizia Mia Couto.
ResponderEliminarO medo só existe quando se desconhece o objecto do medo e... nós desconhecemos tantas coisas.
EliminarUm poema instigante, ornamentado com uma bela imagem :)
ResponderEliminar.
A luz, a minha ingénua escuridão...
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Beijo boa noite.
Muito obrigado.
EliminarBoa Noite.
Um abraço