Sobre o odioso 


Há quem nos ensine a odiar 


Há quem com a doçura dos passos de um felino 

nos ensine a odiar

Há quem com o rastejar suave de um réptil 

nos ensine a odiar 

Há quem com a cadência de um pingo de água 

nos ensine a odiar 


mesmo no silêncio nos ensine a odiar 

ou no tumulto nos ensine a odiar 


E a nossa membrana que suporta o amor 

se inflama ___ perde elasticidade 

torna-se dolorosa 


O odioso sorri e contempla a obra 


façamos-lhe por isso uma estátua 

onde só a sua cabeça viva 

e a paralisia dos seus músculos 

o impeça de fugir de si próprio.




 

9 comentários:

  1. O ódio é um instinto horrendo do ser humano e há tantos que só de os ver e ou ouvir o modo como transmitem dá-me nojo, mas fazer uma " estátua para não fugir dele prório" seria muito pouco.
    Não gostei da tua pintura que me fez muita confusão, o que desde já te peço desculpas.
    Beijos e um bom dia

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    1. Procuro casar uma imagem com o texto, quando é possível. Não há nada para pedir desculpas.
      Um abraço.

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  2. Na pintura, perfeitamente conseguido, o ódio enrola-se e desenrola-se diante dos nossos olhos.

    No poema, de que muito gostei até bem perto do final, descreve-se esse incessante bailado. Não consigo, no entanto, imaginar uma estátua que aprisione o ódio. Aquilo que imagino é que a mera contemplação dessa estátua lhe devolveria a mobilidade...
    Mas esta é, obviamente, uma leitura muito minha, muito à flor da pele.

    Forte abraço, L.!

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    1. Importante é que cada leitor faça a sua interpretação, é isso uma das funções da poesia.
      Muito Obrigado, um abraço.

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  3. O ódio é dos sentimentos ou instinto pior que há. "O ódio mata"
    Gostei dos seus versos. :)

    Beijo
    Bom fim de semana

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  4. Eu que nunca senti
    tal sentimento, e assim
    Sinto-me limitado
    para qualquer comentário

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