Foto da entrevista de Cristiano Pereira
Luiz o grande!
O grande quê?
O grande Pacheco!
E aqui estou novamente
diante de mim. Perplexo.
Sou eu… a decrepitude
e uma certa força rigorosa
talvez a ternura cómica por mim?
… criaram-me ficha de
necessitado… ou bêbado
de quem se pode troçar…
o mais forte sou eu, apesar
de tudo e do meu passado…
A função faz o órgão…
… estou vivo, ainda, caramba!
Poema criado a partir de frases do próprio
Luiz Pacheco no seu Diário Remendado
exceptuando o título.
Antes de comentar fui obrigada a investigar quem era esse Luís o grande!
ResponderEliminarLi muitíssimo, apesar do cansaço, e cheguei à conclusão que era um “literata maldito”.
E provavelmente, a grande qualidade de Luiz Pacheco: saber, radicalmente, que existia.
Luiz Pacheco, escritor e editor de nomes maiores da nossa literatura é um personagem que vale a pena descobrir.
EliminarConfieso con humildad, que no conozco su obra, Tiene muchio mérito que hayas compuesto ese poema, utilizando frases de ese autor.
ResponderEliminarBesos.
Es comprensible que no conozcas a este autor, incluso en Portugal no es conocido por gran parte del público. Aún así, gracias por tu agradable comentario. Un abrazo.
EliminarCÔRO DE ESCÁRNIO E LAMENTAÇÃO DOS CORNUDOS EM VOLTA DE S. PEDRO.
ResponderEliminarAcordei um triste dia
Com uns cornos bem bonitos.
E perguntei à Maria
Por que me pôs os palitos.
Jurou por alma da mãe
Com mil tretas de mulher
Que era mentira. Também
Inda me custava a crer...
Fiquei de olho espevitado
Que o calado é o melhor
E para não re-ser enganado,
Redobrei gozos de amor.
Tais canseiras dei ao físico,
Tal ardor pus nos abraços
Que caí morto de tísico
Com o sexo em pedaços!
Esperava por isso a magana?
Já previa o que se deu?...
Do além vi-a na cama
Com um tipo pior do que eu!
Vi-o dar ao rabo a valer
Fornicando a preceito...
Sabia daquele mister
Que puxa muito do peito.
Foi a hora de me eu rir
Que a vingança tem seus quês:
«O mais certo é práqui vir,
Inda antes que passe um mês».
Arranjei-lhe um bom lugar
Na pensão de Mestre Pedro
(Onde todos vão parar
Embora com muito medo...)
Passava duma semana
O meu dito estava escrito
Vítima daquela magana
Pobre tísico, tadito!
(...)
(...)
Luiz Pacheco
Num dia em que se achou
Mais pachorrento.
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Brilhante.
EliminarAos interessados em conhecer o CÔRO na íntegra, podem ouvi-lo AQUI na voz do fabuloso diseur" que foi Mário Viegas.
EliminarA minha intenção é mostrar a quem não conheceu e, sobretudo, não deu o devido apreço a Luiz Pacheco ficar a conhecer um pouco do seu estilo poético satírico, mordaz e crítico de uma sociedade hipócrita e decadente...
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Muito obrigado.
EliminarVoltando ao “grande Pacheco” descobri que a sua obra literária exactamente como a obra literária de Bukowski é principalmente autobiográfica. Os escritores afinal são tão vulneráveis, expostos e propensos a decisões e circunstâncias terríveis quanto qualquer outra pessoa. A sua preferência sexual por ninfas e duendes lembrou-me outros homens de letras com a mesma preferência, por isso, não deve ser essa a razão do seu esquecimento.
ResponderEliminarPodemos constatar que Luiz Pacheco foi um imoral, um alcoólico, um insolente, um devasso, um "crava" mas, no meu entendimento, foi um homem corajoso.
EliminarLi o poema e lembrei-me da poesia de Bukowsk.
ResponderEliminarAcho que tenho de pesquisar a obra de Luiz PAcheco.
De qualquer modo ainda bem que escreveu este poema, pois assim vou ler algo de um poeta que não conheço a sua obra.
;)
Luiz Pacheco, dito maldito, deve ser descoberto.
EliminarUm abraço.