Foto da entrevista de Cristiano Pereira




Luiz o grande! 

O grande quê? 

O grande Pacheco! 


E aqui estou novamente

diante de mim. Perplexo. 

Sou eu… a decrepitude

e uma certa força rigorosa

talvez a ternura cómica por mim? 

… criaram-me ficha de

necessitado… ou bêbado 

de quem se pode troçar… 

o mais forte sou eu, apesar

de tudo e do meu passado… 

A função faz o órgão… 

… estou vivo, ainda, caramba! 



 

Poema criado a partir de frases do próprio 

Luiz Pacheco no seu Diário Remendado  

exceptuando o título. 




 

12 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer18 de fevereiro de 2023 às 01:50

    Antes de comentar fui obrigada a investigar quem era esse Luís o grande!
    Li muitíssimo, apesar do cansaço, e cheguei à conclusão que era um “literata maldito”.
    E provavelmente, a grande qualidade de Luiz Pacheco: saber, radicalmente, que existia.

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    1. Luiz Pacheco, escritor e editor de nomes maiores da nossa literatura é um personagem que vale a pena descobrir.

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  2. Confieso con humildad, que no conozco su obra, Tiene muchio mérito que hayas compuesto ese poema, utilizando frases de ese autor.
    Besos.

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    1. Es comprensible que no conozcas a este autor, incluso en Portugal no es conocido por gran parte del público. Aún así, gracias por tu agradable comentario. Un abrazo.

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  3. CÔRO DE ESCÁRNIO E LAMENTAÇÃO DOS CORNUDOS EM VOLTA DE S. PEDRO.

    Acordei um triste dia
    Com uns cornos bem bonitos.
    E perguntei à Maria
    Por que me pôs os palitos.

    Jurou por alma da mãe
    Com mil tretas de mulher
    Que era mentira. Também
    Inda me custava a crer...

    Fiquei de olho espevitado
    Que o calado é o melhor
    E para não re-ser enganado,
    Redobrei gozos de amor.

    Tais canseiras dei ao físico,
    Tal ardor pus nos abraços
    Que caí morto de tísico
    Com o sexo em pedaços!

    Esperava por isso a magana?
    Já previa o que se deu?...
    Do além vi-a na cama
    Com um tipo pior do que eu!

    Vi-o dar ao rabo a valer
    Fornicando a preceito...
    Sabia daquele mister
    Que puxa muito do peito.

    Foi a hora de me eu rir
    Que a vingança tem seus quês:
    «O mais certo é práqui vir,
    Inda antes que passe um mês».

    Arranjei-lhe um bom lugar
    Na pensão de Mestre Pedro
    (Onde todos vão parar
    Embora com muito medo...)

    Passava duma semana
    O meu dito estava escrito
    Vítima daquela magana
    Pobre tísico, tadito!
    (...)
    (...)

    Luiz Pacheco
    Num dia em que se achou
    Mais pachorrento.


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    1. Aos interessados em conhecer o CÔRO na íntegra, podem ouvi-lo AQUI na voz do fabuloso diseur" que foi Mário Viegas.
      A minha intenção é mostrar a quem não conheceu e, sobretudo, não deu o devido apreço a Luiz Pacheco ficar a conhecer um pouco do seu estilo poético satírico, mordaz e crítico de uma sociedade hipócrita e decadente...

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  4. Teresa Palmira Hoffbauer18 de fevereiro de 2023 às 23:27

    Voltando ao “grande Pacheco” descobri que a sua obra literária exactamente como a obra literária de Bukowski é principalmente autobiográfica. Os escritores afinal são tão vulneráveis, expostos e propensos a decisões e circunstâncias terríveis quanto qualquer outra pessoa. A sua preferência sexual por ninfas e duendes lembrou-me outros homens de letras com a mesma preferência, por isso, não deve ser essa a razão do seu esquecimento.

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    1. Podemos constatar que Luiz Pacheco foi um imoral, um alcoólico, um insolente, um devasso, um "crava" mas, no meu entendimento, foi um homem corajoso.

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  5. Li o poema e lembrei-me da poesia de Bukowsk.
    Acho que tenho de pesquisar a obra de Luiz PAcheco.
    De qualquer modo ainda bem que escreveu este poema, pois assim vou ler algo de um poeta que não conheço a sua obra.
    ;)

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