Foto do autor do texto a partir do documentário
 "Quando os impressionistas quiseram pintar as paredes". 




Nome ___o meu


O meu nome 

é uma sucessão 

de curvas de fogo ___

___ precisamente no lugar

onde já houve searas 

e um campo de flores silvestres


tudo se incendiou 

desde a morte do poema 

e da inutilidade 

dos últimos tempos 


O meu nome 

é uma sucessão 

de uivos de uma garganta 

em que a ternura 

caiu desamparada

do colo das palavras 


tudo se incendiou

porque levo os dias 

a rebolar a minha imaginação 

com todas as mulheres do mundo.




 

25 comentários:

  1. No teu passado perdeste alguém muito querido e neste teu poema é notório a tua incessante inquietude em busca de algo que te conforte.
    Beijos e um bom dia

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    1. Aqui chegados já, decerto, todos nós perdemos alguém muito próximo. A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer como disse Stig Dagerman.
      Um abraço.

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  2. Olá Luís, bom saber que continua por cá.😁😀
    Gostei desta publicação. A foto soberba, o poema misteriosamente incendiário.
    Beijo, feliz fim-de-semana.

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    1. Contínuo sim. Estou aqui diariamente desde Março de 2021, continuarei, assim o número de leitores e de comentários o justifique.
      Bom Dia fim de semana.
      Um abraço.

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  3. Hay cuestiones que marcan toda una vida y ese metafórico incendio es una de ellas.
    Besos.

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  4. Vou por partes:

    1 - A fotografia é fabulosa, mas não o seria tanto sem o título (nome) que a inspirou...
    2 - Também no poema o nome - o seu - surge enquanto leitmotiv de tudo o que se vai desenrolando até ao final.

    Excelente publicação, L.!

    Forte abraço!

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    1. O documentário de onde fiz as fotos passou na RTP2.
      O nosso nome somos nós, não importa se existem milhões iguais, o nosso percurso é único e um manancial de experiências.
      Um abraço.

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    2. Não vi esse documentário e lamento muito tê-lo deixado escapar... Na verdade, nem sequer tenho um televisor que funcione, mas costumo aceder à programação através da RTP Play. Outro abraço!

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    3. Não está na RTP Play, pode ser que repitam em outro horário.
      Abraço.

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  5. Poema Intenso e profundo.
    Bela foto

    Feliz fim de semana

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  6. Um poema muito belo, bastante intenso!!
    .
    É preciso fazer a natureza especial ...
    .
    Beijo, e um excelente fim de semana.

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  7. Muito intenso!
    Todos nós já tivemos as nossas searas e campos silvestres, precisamos de aprender a viver nas restantes estações da vida.
    Continuação de um bom fim de semana

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    1. Tentamos... por vezes com dificuldades.
      Bom fim de semana também para si.
      Um abraço.

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  8. Ainda debaixo de fogo 🔥 li o poema de homenagem aos impressionistas … ou talvez não.
    Então, os impressionistas quiseram pintar as paredes, mas não quiseram fazer a cama, depois da orgia.
    Levar os dias a rebolar a imaginação com todas as mulheres do mundo é um acto de coragem.
    Rebolar somente com uma, já é um sarilho.

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    1. O texto não tem ponto de contacto com os impressionistas.
      Achei graça ao comentário bem humorado.
      Há que ter coragem.

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    2. Claro que o poema não têm relação com os tipos franceses do cavalete.
      Há que ter coragem para suportar os meus comentários, que nunca dizem „bonito“ „intenso“ „adorei”.
      Acredito que o poeta tenha há muito tempo compreendido como aprecio a POESIA que leio aqui.

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    3. Quando falei em coragem não me referia aos seus comentários mas sim, à parte final do que escreveu antes sobre "rebolar a imaginação".
      Sei que aprecia o que escrevo e, acredite que valorizo a sua apreciação desde o início das suas visitas quando referia Paul Celan.

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    4. Céus!!!
      Esta noite o poeta não compreende absolutamente nada daquilo que eu escrevo.
      Claro que quando falou de coragem não se referia aos meus comentários.
      Tanto louca como pareço, também não sou.
      Aproveitei a oportunidade para lhe dizer, que embora os meus comentários sejam pobres em elogios, aprecio muito a sua POESIA, também as aguarelas e a maior parte das vezes: as fotografias.

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  9. Li o poema, nada menos que quatro vezes. E ainda não sei como comentá-lo. As imagens poéticas são tão fortes quanto o sentimento de perda e inadaptação ao momento atual. A parte final do poema, parece-me uma tentativa de aliviar o dramatismo anterior. Será? Me desculpe, mas nunca soube comentar poesia.
    Abraço, saúde e bom domingo

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    1. A Elvira sabe o que diz e sabe comentar o que lê aqui. Cada leitor tem a sua visão e é isso que valoriza o que aqui publico.
      Um abraço m

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  10. o teu nome será sempre o teu nome
    mesmo que não gostes dele
    é o teu legado
    um nome que ficará impresso por aí na obra do Pintor e do Poeta

    ;)

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