O fim do mundo na praça onde moro
O mundo está a morrer
na praça onde moro
é o momento oportuno
para a minha confissão ___
___ no meio de tanto alarido
ninguém me escutará
e ficarei de alma limpa
por me ter exposto
ao julgamento público
O mundo está a morrer
na praça onde moro
e ninguém se importa
com as minhas declarações
graves ___ sem lágrimas ___
___ muito cuspidas ___ definitivas
as ofensas que fiz ao divino
em voz alta
a mancha que deixei
ao engano numa donzela
a minha fuga com a promessa
de regresso
a simulação do prazer ardente
por compaixão
os perdões que declarei
para dar tempo à vingança
O mundo está a morrer
na praça onde moro
e o meu corpo cai
sobre a única e própria sombra.
Cada día que pasa, es un día menos de nuestra existencia. Tarde o temprano llegará el final a nuestra vida terrenal y esperemos que todo lo que suceda después sea realmente bueno.
ResponderEliminarBesos.
Llegará el día en que el mundo morirá en la plaza donde vivo. Nunca estaré preparado. Un abrazo
EliminarQue esplêndido, poema! E esquecendo que o tão falado relógio do mundo está a segundos da meia-noite, não há dúvida de que o mundo morre para cada um de nós, quando morremos.
ResponderEliminarPara mim, é mais uma constatação da aproximação da morte a um homem que está no centro da sua praça/cidade - ou de si próprio? - do que um anúncio da morte do mundo, sendo que mundo, neste último caso, deverá ser entendido por humanidade. O planeta não morrerá senão dentro de uns milhares de milhões de anos, ainda que cometamos a loucura de nos deixarmos exterminar.
Um forte abraço, L.!
Uma análise perfeita do texto de hoje. Um dia faltará a nossa presença na praça onde vivemos.
EliminarUm abraço também.
Uii este poema é tão profundo que me causou um arrepio!! 👏
ResponderEliminar.
Sou companheira de mim ...
.
Beijo. Boa tarde!
Bom sinal, cumpre-se a função do poema.
EliminarObrigado.
Um abraço.
Belo poema !
ResponderEliminarContinuação de uma semana feliz.
Muito obrigado. Igualmente para si.
EliminarUm abraço.
A ciência diz que a Terra possui 4,5 bilhões de anos, e nunca desaparecerá‼️
ResponderEliminarO nosso micro-mundo é que morre lentamente na rua onde moramos.
E a donzela enganada pelo poeta é beleza erótica do passado.
Vingança é algo muitíssimo feio — uma miúda de 12 anos morreu numa floresta 🌳 e o motivo foi VINGANÇA.
Nem todas as vinganças têm um carácter violento. Há muitas outras vinganças que não fazem mal a ninguém como por exemplo esconder as chaves do carro ao patrão ou meter o dedo dentro da sopa do colega sem ele ver, etc., etc. preciso é ter imaginação.
EliminarOs exemplos que o poeta dá são brincadeiras de criança e NÃO vingança‼️
EliminarSituações com a mesma inspiração já aconteceram na minha vida real.
EliminarCaro Poeta
ResponderEliminarUm poema tenso e irreversivel (a morte)
Que seja breve, é o que peço.
Sabe que ao ler este poema seu (muito bem urdido) lembrei de um poema de José Gomes Ferreira que declamei quando andava no ensino básico e que nunca esqueci.
Vou deixar aqui e peço imensa desculpa se achar que fui inoportuna.
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Devia morrer-se de outra maneira
Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem
hoje às 9 horas.
Traje de passeio". E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes.
Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios...
depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...
Autor:José Gomes Ferreira
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Continuação de um dia Feliz para si.
:)
Muito obrigado pelo poema que reproduz. Muito belo, uma criação de um grande poeta.
EliminarUm abraço.