Nos bairros antigos
Estão à janela por todo o lado
as coscuvilheiras
têm as faces vermelhas
pelas carícias vigorosas dos seus homens
e riem-se das outras
das que faltaram hoje à tertúlia
as coscuvilheiras
cochicham sobre as que vão passear
as suas pestanas de compra
enquanto sacodem os tapetes
com sonoro e sem cuidado
as coscuvilheiras
recolhem a casa quando escutam
o genérico do episódio dramático de hoje
que lhes enche o espaço que têm no coração
no intervalo preparam com desvelo
o lanche para os filhos que chegam da escola
as coscuvilheiras
à noite ficam de novo com as faces vermelhas
pelas carícias vigorosas dos seus homens
têm quase sempre dor de cabeça
por isso dormem e sonham com uma visita
à Disneylândia
As coscuvilheiras terão sem contestação
lugar eterno nas janelas do céu.
São as cuscovilheiras as janelas e os cuscovilheiros nas tabernas ou sentados à porta dessas 🤣.
ResponderEliminarFeliz fim de semana
Exacto.
EliminarCumprimentos.
Bom dia
ResponderEliminarNinguém se lembraria de as homenagear, mas desta forma até tem o seu valor.
JR
As mulheres esquecidas.
EliminarUm abraço.
Uma homenagem às cuscovilheiras deixou-me surpreendida, mas vamos começar pela fotografia.
ResponderEliminarVejo uma jovem, cara linha, numa varanda a sacudir um tapete.
Eu sempre imaginei as cuscovilheiras como mulheres velhas, feias, frustradas.
Vamos, então, ao poema … compreendo a violência dos seus homens, daí a sua inveja pelas mulheres felizes no amor.
Essa da „dor de cabeça“ é uma „desculpa“ muitíssimo usada pelas mulheres.
Preparar o lanche para os filhos é o seu lado humano.
Que sonhem com a Disneylândia significa a sua imaturidade.
„Lugar eterno nas janelas do céu“ é de uma beleza tal, que esqueci a minha aversão por essas mulheres, que nunca conheci, e ADOREI o poema ‼️
Substancial comentário e, por isso, compensador para o autor. Uma análise com a qual concordo.
EliminarUm poema que me surpreendeu e do qual muito gostei, embora não tenha ficado muito segura de que seja exactamente uma homenagem. Mas, pensando melhor, talvez seja a minha relutância em aceitar a coscuvilhice que me esteja a impedir de o ver como um louvor...
ResponderEliminarQuanto à deliciosa imagem, creio que já a utilizou num outro poema... ou estarei a ter o meu primeiro "déjà vu"?
Forte abraço, L.!
Nem eu próprio sei se é uma homenagem. Mas as coscuvilheiras existem.
EliminarA imagem é repetida, sim.
Um abraço.
Uma bela foto e um poema de que gostei, embora tenha ido ao dicionário para ver se o meu sentido da palavra estava correto. Estava. Mas nunca conheci ninguém assim.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom domingo
Estas são as coscuvilheiras à moda antiga, hoje têm outra apresentação ... mas existem.
EliminarUm abraço.
Acho que elas existem em todo o lado.
ResponderEliminarAté nas grandes cidades, embora sejam mais visiveis nos meios mais pequenos.
Detesto as coscuvilheiras.
E acho que na entrada para o céu, tem contas para ajustar com S.Pedro!
Gostei do poema e da imagem.
:)
Existem em todo o lado mas em estilos e práticas diferentes.
Eliminar