Foto de Daniel Filipe Rodrigues
Naufragando
Onde estou agora
quem me convocou
por que correm aquelas mulheres
com as saias ao vento
por que me pintaram a boca
com a cor do areal
sem mar à vista
e me puseram na ideia o desejo
como braços que me estrangulam
?
mato-me uma vez e outra
nestes naufrágios
a que as mãos me obrigam.

Vestígios das memórias e fantasmas que habitam a mente do poeta.
ResponderEliminarEnvolvente obra sombria e poética.
A fotografia é fenomenal como o efeito do tempo e da perda.
Uma boa análise da publicação de hoje.
EliminarFantasmas que te assolam poeta e ficas tal como o barco da foto que o tempo faz mazelas.
ResponderEliminarGostei embora não consiga responder à tua pergunta tão inquietante!
Beijos e um bom sábado
Eu sou esse barco
EliminarMinha alma está nesse estado
A nossa vida está cheia de perguntas sem resposta, nem mesmo àquelas dúvidas em que teríamos de ser capazes de responder, por vezes não conseguimos... por várias razões e inibições.
EliminarRogério, o teu barco está em reparação e vai voltar a navegar.
Um abraço para, ambos.
Todos os dias nos levantamos, nos fazemos ao mar e naufragamos, para resgatarmos a Barca e, de novo, nos fazermos ao mar. Isto foi-me ensinado por um Náufrago Perfeito e nunca duvidei de que assim fosse, menos ainda agora que me sinto naufragar no final de cada poema que alinhavo e deixo estendido à beira mar, para que possa descer ao fundo dos oceanos e resgatar a minha naufragada Barca.
ResponderEliminarClaro que todos nós sabemos que um dia não mais resgataremos coisa nenhuma, já que esta é uma metáfora da vida e vida, mais tarde ou mais cedo, terá um fim para cada um de nós, fim esse que será simultâneo ao nascimento das primeiras barcas e naufrágios dos que se nos seguirão.
E peço desculpa, L., mas julgo que me perdoará pois é evidente que a leitura do seu poema me entusiasmou ao ponto de escrever tudo o que escrevi. E foi no belíssimo final que encontrei a similitude entre o que por aqui deixei - "mato-me uma vez e outra/nestes naufrágios/a que as mãos me obrigam."
Forte abraço!
Só posso agradecer-lhe o comentário que é um texto muito interessante e que me proporciona a leitura, várias vezes, do texto que eu próprio escrevi.
EliminarFico-lhe reconhecido. Um abraço.
Miradas desde mi lente deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarSiempre hay fantasmas que acuden a la mente , formando malos recuerdos del pasado. Como el pasado, no se puede cambiar, hay que hacer lo posible por olvidarlo y lanzar la vista hacia adelante y hasta un futuro prometedor.
Siempre hay que mantener la esperanza, de lo que va a venir, será mucho mejor.
Besos.
Buen consejo, luchamos toda nuestra vida tratando de olvidar. Un abrazo.
EliminarElvira Carvalho deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarCada dia que vivemos, é uma constante luta para equilibrar a barca da vida, num marque a que o tempo trás mais tempestades que calmaria. Gosto da imagem. Há anos fiz uma visita a uns estaleiros . E tirei várias fotografias de barcos em reconstrução.
Tenho estado com problemas com a Internet, que vem intermitente e dura pouco tempo. Ontem estiveram aqui os técnicos trocaram o router, mas a ver se daqui em diante já não há falhas.
Abraço e saúde
Tentamos equilibrar o barco, é verdade, mas em caso de naufrágio... não sei nadar.
EliminarSaúde, para si e para o seu router.
Um abraço.
Caro Poeta/Pintor
ResponderEliminarUm poema que faz parte de um pesadelo.
Logo acordará e o sol nascerá.
À tarde o poema será de outras cores e de nascentes puras e frias.
Por vezes é preciso aniquilar os nossos fantasmas.
Boa semana com saúde.
:)
Sim, o tempo cura muita coisa.
EliminarUm abraço.