Testamento
Textos condenados a serem
nada ___ a desaparecerem
foi o que vos deixei
o resultado do exercício das mãos
vassalas da vontade da minha razão
com eles ___ silenciosamente
resisti ao tempo que tudo engole
já será honroso ficar
num canto dobrado de uma página
onde o leitor voltará ___
___ quando voltarem lembrem-se
que continuo no limbo
e tive a imodéstia de cantar
a angústia
a inquietude
o desgosto
o arrependimento
Talvez seja lembrado como aquele
que falou de tudo isto que é de todos
sem que os próprios o saibam
até me lerem
Por favor não fumem
enquanto estão comigo
o último fumo foi o meu fim.
A pintura __ que é linda de morrer __ não ofusca o poema que leva para o túmulo o último cigarro do poeta.
ResponderEliminarA minha crítica é entusiástica.
A sua crítica ajuda a percorrer o caminho da arte até ao consumo do último cigarro.
Eliminar'Com cinco ou 6 retas é fácil fazer um castelo'
ResponderEliminar... nessa linda passarela das suas aquarelas. Amo muito !
O fim é sempre por um triz ,não importa se com cigarro ou não.
Abraço ,L
Agradeço o seu comentário simpático.
EliminarO fim é uma palavra num écran preto.
Um abraço.
Tão belos, pintura e poema, L.!
ResponderEliminarComo já não vejo tão bem quanto quereria, fiquei na dúvida entre o pastel de óleo e o pastel seco na árvore, na casa e no túmulo sob a casa...
Também fiquei na dúvida quanto ao sujeito poético. Não sei se fala de si ou se dá voz a uma terceira pessoa...
Faço de conta que não ouço o apelo final. Às vezes daria tudo o que tenho e não tenho por um simples cigarro:
PÉS DE BARRO
*
Dar-vos-ia o que tenho, nada tendo:
O intenso travo a sal do mar que sou,
A fonte de onde o verso me brotou,
As mãos com que me rasgo e me remendo,
*
A dúvida, a certeza e quanto entendo
De uns nadas de que a vida me dotou,
A beleza que tive e já murchou,
A musicalidade a que me prendo,
*
A rosa, o espinho, a força, o estro, a chama
E tudo, tudo aquilo a que me agarro
Pra manter-me de pé, fugindo à cama...
*
Poeta sobre frágeis pés de barro,
- que mil vezes prefiro a ´mãos com lama`.. -
Eu dar-vos-ia o céu... por um cigarro!
*
Maria João Brito de Sousa
20.01.2017 - 16.11h
***
Forte abraço!
Muito belo o poema que aqui me deixou.
EliminarConseguiu muito bem identificar a técnica do trabalho que apresento.
Um abraço e muito obrigado pelo poema.