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A respeito da vida *


Percorro as vielas de Sintra

estou só e assim me acompanho

dos meus pensamentos ___

___ pensando ___ pensando


a existência ainda não passa 

de uma faca de letras

numa página em branco dado que 

a vida é uma sucessão de disparates 

coisas com pouco sentido

uma incoerência sem rumo

a não ser o caminho para o fim


pobre e ilegítimo vou passeando

pelas estreitas vielas da vila

pelas estreitas vielas da vida

com os meus pensamentos 

agrestes ___ insolentes ___ orgulhosos

nem padres

nem governantes

nem premiadores


estou em Sintra

gostaria ainda de ir ver o mar 

antes de administrar a minha morte

não digam que me encontraram 

na Piriquita. 


 

* Inspirado em Thomas Bernhard  

e em algumas das suas palavras




 

10 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer26 de maio de 2023 às 00:25

    O escritor austríaco Thomas Bernhard usou a sua arte como uma máquina de vingança e distanciamento‼️

    Amanhã, leio o poema com calma e comento.
    Boa noite 😴

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    1. Um escritor com uma obra interessante. Aguardo a nova visita.

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  2. Apesar de não conceber a vida como uma "sucessão de disparates" e de "coisas sem sentido", há qualquer coisa que me toca, que quase me comove, neste seu A RESPEITO DA VIDA. Amo-a demasiado para me conseguir zangar com ela, mas reconheço quão patética pode parecer.nos, de quando em quando.

    Um forte abraço, L.!

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    1. Este autor tem uma obra particular. É sempre positivo meditar sobre as visões que alguns têm da vida, mesmo que as consideremos estranhas. Também eu gosto da vida, mas zango-me com os homens que fazem dela um lugar difícil e infeliz para a grande maioria dos outros.
      Um abraço.

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  3. Percorri as ruas de Salzburgo…
    Com os meus pensamentos no poeta português e no dramaturgo austríaco,
    cuja obra tem todo o sentido, embora agreste, insolente, orgulhosa.
    Ao passar pelo teatro da cidade, fotografei uma laje em homenagem a Thomas Bernard.
    A cidade não pertence somente a Wolfgang Amadeo Mozart.

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    1. Gostei deste seu comentário, afinal ficou aqui uma homenagem a esta figura da literatura que merece a nossa atenção.

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  4. Infelizmente de Thomas Bernard, só conheço o nome.
    De todas as vezes que fui a Sintra (em visita de estudo) aproveitei o tempo que as colegas foram para a Piriquita para visitas mais interessantes, (a casa museu de Ferreira de Castro, Museu de história Natural, e alguns recantos que adorei fotografar) Gosto imenso de Sintra, que frequentei muito nos anos 60 quando estive empregada no Lourel.
    Abraço e saúde

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  5. estou em Sintra
    e fui â Periquita comer os travesseiros e beber a limonada.
    se me viste
    era mesmo eu

    ;)

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    1. Um lugar histórico na Vila mais bela de Portugal.
      Um abraço.

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