Foto do autor do texto tomada do documentário VIDA SELVAGEM




Regresso


Deixo miolos de pão pelo caminho

de um pão que trouxe há muitos anos

que fui transformando

em palavras 

em beijos 

em abraços

em sonhos

em insultos ___ também 


deixo-os pelo caminho

com um frémito de vida

ou uma música aprazível

ou uma ferida rubente

ou uma labuta no cárcere 

ou uma inquietação sem cor

     uma rebelião inútil 

     com um frémito de vida

     e uma música aprazível 


Deixo miolos de pão pelo caminho 

miolos de palavras

miolos de beijos e abraços 

miolos de sonhos

e de insultos ___ também 

deixo pelo caminho um pão antigo

para marcar o regresso 


Regresso nu pelo pão no caminho 

e cada miolo uma árvore 

cada palavra um poema

cada beijo cada abraço uma chegada

cada sonho uma história 

cada insulto uma cruz 

regresso nu e oculto-me 

no passado ___ sem regresso.




 

12 comentários:

  1. Intenso e profundo. O que dizer mais a não ser: BRILHANTE?
    *
    Fim de semana com Saúde, Paz e Amor.
    */*
    Poema:- És o Amor da Minha Vida
    */*

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  2. Belíssimo poema que me transportou a uma zona na qual um futuro próximo se confunde com um passado remoto e da qual não há mesmo regresso. Talvez no final alguém volte a debicar as migalhas que fomos deixando...
    Forte abraço, L.!

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    Respostas
    1. Um pão que guardámos, por isso envelhecido, que vamos deixando pelo caminho.
      Um abraço.

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  3. Poema de recordação. Todos nós deixamos miolos de pão pelo caminho. Poema um pouco confuso complicado de comentar. Mas gostei de ler e reler.
    .
    Feliz fim de semana
    .

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  4. E que bom poder vir recolher o pão que semeias.
    Obrigado, amigo.
    deixo abraços

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  5. © Piedade Araújo Sol (Pity) deixou um novo comentário na mensagem "":

    Deixar sinais pelo caminho de ida.
    Rever os sinais para regressar.
    Lindissimo Poema.

    :)

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