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Dormir

Vou dormir nos restos do dia
recosto-me com um livro
apenas com a luz fundamental
respirando devagar
até as vozes das páginas 
me chegarem aos olhos 
 
Depois durmo 
como se ensaiasse a minha morte. 



 

22 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer19 de setembro de 2023 às 00:22

    Logo, podemos concluir que o poeta se vai deitar no leito de Procusto.

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    1. Não, tenho uma cama à minha medida e só durmo em minha casa.

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    2. Quando viaja leva a cama consigo?!
      É pedir muito, que o poeta mencione o título do livro.
      Eu, mulher pequena, moro numa rua sem árvores 🌳
      Todavia, todas as casas da minha rua têm um jardim.

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    3. Quando viajo instalo-me em hotéis e não em casa de qualquer marginal que ofereça guarida.
      O livro fotografado é OFÍCIO DE VIVER de Cesare Pavese.
      Felizes os que vivem em ruas ajardinadas cabendo a cada um um quinhão de terra florida.

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    4. Em Lecce, na minha livraria de eleição, estive com esse livro (na versão original) na mão.
      Resisti e não o comprei.
      Cesare Pavese é um dos meus poetas italianos favoritos.

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    5. Perdeu a oportunidade de ter esse livro.

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  2. Dormir como se ensaiasses a tua morte é algo que ao acordares deves ter o cabelo em pé. Não? Gostei mais do livro!
    Desculpa amigo mas ri à gargalhada:)))
    Abraços e vou almoçar

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  3. Por muito que me arrepie a ideia de ensaiar a morte - posso garantir que ela dispensa ensaios e vem sempre quando menos a esperamos - este seu poema é muito belo, L.

    Um forte abraço!

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  4. Com sua permissão:

    Minha morte nasceu

    Minha morte nasceu quando eu nasci.
    Despertou, balbuciou, cresceu comigo...
    E dançamos de roda ao luar amigo
    Na pequenina rua em que vivi.

    Já não tem mais aquele jeito antigo
    De rir e que, ai de mim, também perdi!
    Mas inda agora a estou sentindo aqui,
    Grave e boa, a escutar o que lhe digo:

    Tu que és a minha doce prometida,
    Nem sei quando serão as nossas bodas,
    Se hoje mesmo... ou no fim de longa vida...

    E as horas lá se vão, loucas ou tristes...
    Mas é tão bom, em meio às horas todas,
    Pensar em ti... saber que tu existes!

    Soneto de Mário Quintana, in "A Rua dos Cataventos"- 1940

    Assino: Anónima Indejada.

    .

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    1. Perdão; assinei mal...Indesejada - quis eu escrever -

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    2. A nossa vida é um curto lapso de tempo.
      Obrigado pela transcrição do poema.

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  5. Cidália Ferreira deixou um novo comentário na mensagem "":

    Minha nosssa!! ;/
    .
    Coisas de uma Vida

    Beijos. Boa tarde

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  6. Belo ensaio!!! nada melhor do que um sono reparador.
    Continuação de boa semana

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    1. Sim, não é mais do que isso, até agora tenho acordado sempre.
      Um abraço.

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  7. Ganas tengo de dormir, aunque todavía es bien temprano. Será por efecto de la temperatura.
    Un abrazo

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  8. a morte só por si é um assunto que me amedronta.
    ensair a morte, não.
    prefiro ensair a vida, pois vivemos todos num imenso palco.
    :)

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    1. Ensaiamos a vida sim mas o espectro do fim está sempre presente.
      Um abraço.

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