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Um salto imortal
Compreendes em mim
tudo o que não digo
talvez porque consigas ver
as minhas mãos nas grades
talvez porque saibas
que são idênticos
os pensamentos dos prisioneiros
talvez porque saibas
que o corpo obedece ao espírito
e não o contrário
Compreendes em mim
tudo o que não digo
talvez porque nos deitamos juntos
na cama da melancolia
talvez porque saibas que a prisão
é do outro lado
talvez porque ainda nos abraçamos
por entre as grades
Aproveitemos a noite
para nos evadirmos da prisão do tempo
sem que sejam necessárias as palavras
e assim daremos um salto imortal
para o nosso futuro.
Un salto mortal, que puede que te lleve hasta la gloria. Hay que atreverse a correr la aventura.
ResponderEliminarUn abrazo
Si la gloria no llegó, estoy seguro de que nunca llegará.
EliminarUn abrazo.
Amigo Luís, gosto de ler a sua poesia, mas confrange-me o permanente fundo angustiante que encerram...
EliminarÉ importante reconciliar-se com a vida e vivenciá-la com a maior condescendência e paz.
Tenho uma resposta ao seu comentário no meu 'post'...
Dias felizes no prólogo do novo outono. O meu abraço.
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A nossa natureza aflora quando nos exprimimos, é inútil tentar contrariar a nossa índole. No entanto isso não quer dizer que essa seja a minha disposição no meu dia-a-dia.
EliminarAgradeço a sua vinda e o seu comentário sincero.
Um abraço.
Tudo não passa de uma imagem fixa sem qualquer poesia.
ResponderEliminarSou, talvez, dos que tentam escrever poesia sem o auxílio de uma musa.
Não há salto imortal e não sei se há futuro, já não estarei cá para ver.
As antigas musas há muito que morreram e foram enterradas, As hodiernas, como a minha, são meros estados de espírito que dependem muito, no meu caso, da maior ou menor ferocidade dos ataques das maleitas físicas... Abç!
ResponderEliminarSubscrevo totalmente este seu comentário.
ResponderEliminarUm abraço.
Nem todos os poemas me exigem uma terceira leitura. Este seu Salto Imortal foi lido, relido e voltado a reler... Tem toda a razão. L., são muito tristemente efémeros, os nossos saltos imortais.
ResponderEliminarForte abraço!
É um elogio para mim ter despertado a sua atenção e ter merecido várias leituras. A sua conclusão preenche as minhas dúvidas.
EliminarUm muito obrigado.
E um abraço.
Que lindo L , que lindo!
ResponderEliminar' talvez porque ainda nos abraçamos por entre as grades...'
Pungente , amigo.
Meu abraço
Abraçar por entre as grades já é a negação do abraço total. E toda a envolvência se torna irreal e toda a compreensão se torna irreal, o Salto Imotal é irreal, o futuro é irreal.
EliminarUm abraço.
Afinal, a minha interpretação positiva do salto imortal para o futuro é absolutamente descabida.
ResponderEliminarO sol que brilha em Apúlia tornou-me romântica e a minha imaginação viu o poeta saltar com a sua musa para um futuro feliz.
Quando chegar o outono regresso à normalidade.
Entretanto, cheguei à conclusão que o dilema existencial da vida é o tema do POEMA. Claro que o poeta não considera a existência humana inútil, todavia a total futilidade de toda a acção humana é-lhe repugnante. O poeta procura uma saída na arte e na poesia.
Elogio a sua análise, principalmente desde a palavra "Entretanto" e com muita concordância nos dois últimos parágrafos. Bem poderia escrever um texto analítico sobre o meu livro.
EliminarSintonia, para um caminho que à noite, não são as grades o impedimento.
ResponderEliminarUm kandando
A noite proporciona muito de bom mas também muito de mau.
EliminarMuito Obrigado pelo comentário.
Um abraço.
Almas em sintonia.
ResponderEliminarTão belo!
:)
A sintonia é possível mas rara.
EliminarUm abraço.