Desenho de Matias S. Rodrigues Kassaye


 

Poema para um amigo

que apareceu no meu sonho


Sonhei que tinha sonhado contigo

e que te estava a contar o meu sonho

sonhei que já tínhamos visitado o inferno juntos

e que nos cruzámos com anjos

que conhecíamos da nossa vida


estávamos os dois sentados na mesma mesa

na hora do pequeno-almoço ___ como dantes

não acreditaste no meu sonho

na verdade já tinhas morrido

e o teu lugar ___ agora não é no inferno


ali onde nos encontrámos ___ no sonho ___ era o lugar 

onde se cruzam linhas ténues umas e vibrantes outras

éramos apenas sombras e nessa minha sombra 

me dei como morto para te acompanhar ___ 

___ desculpa mas não posso ficar contigo


Sem que te dissesse terminei

a redacção deste poema ___ triste

há noites em que um homem não devia sonhar.



 

4 comentários:

  1. O desenho do Matias ofusca absolutamente as palavras poéticas do avô.

    Outro dia disse para o „meu“ Mathias:
    — Tu herdaste do teu avô paterno a beleza e o talento para o desporto e de mim o talento para a arte.
    — Mas eu não tenho o mínimo talento para a arte.
    — Exactamente como eu.

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    1. Esse diálogo tem um humor inocente.
      Essa não é a situação de todos os meus descendentes, filhos e netos, sem excepção.

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  2. há sonhos e sonhos.
    eu sonho muito acordada, são os melhores sonhos.
    eu durmo e não tenho sonhos, por vezes apenas e só pesadelos.
    por isso, é melhor não ter certos sonhos.
    :)

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