Foto de Daniel Filipe Rodrigues



Tornando-me imortal


Sento-me à porta da minha casa mental

sigo com os olhos o carreiro

que desce para o vale da minha vida

onde ainda é verão enquanto aqui já é outono


estou prestes a falar com Deus

peço-lhe apenas pão e um peixe

tenho que ficar calado dentro de mim

e ouvir


Ele envia-me um cardume de sensações 

e manda-me passear os meus pecados à chuva

diz-me

            o teu pão é a minha voz 

uma brisa rosada passa pelos meus lábios 

um lobo uiva na montanha


sento-me à porta da minha casa mental

e adormeço 

tornando-me imortal.



 

8 comentários:

  1. A extraordinária fotografia sintoniza com a imortalidade do poeta.

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    1. A imortalidade é uma situação incómoda.
      A foto também tem algo de incómodo.

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  2. Tanto a arte como a poesia devem surpreender e incomodar.
    A mediocridade está exactamente na estagnação — o medo de sair da zona de conforto.

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  3. um poema intricado, mas com mensagem dúbia.
    a foto incomoda, talvez pelo tamanho.
    gostei.

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  4. Caro Poeta/Pintor/Fotógrafo e Amigo

    Um poema mistico, e interessante.
    Ninguém é imortal, nem o Poeta.
    A sua obra sim é imortal.
    A foto incomoda-me, pelo seu imenso zoon.
    Resto de dia bom.
    :)

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    1. A imortidade está reservada apenas... aos Imortais e à sua obra.
      Um abraço.

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