Foto: Said Khatib/AFP publicada na Folha de Pernambuco



Um poeta na Palestina

fala com o seu filho morto


Meu filho não consigo

explicar-te o que é a vida

nem por instinto

não consigo justificar o acto

ou o nascimento da vontade

que te trouxe pela mão 

o mistério existe

por detrás de nós ___

___ à traição 

por sermos seres inexplicados

incapazes de tirar a limpo

a nossa origem comum

do mesmo ovo

do mesmo sol

da mesma água 

todos prisioneiros 

de deuses inexistentes 


meu filho não consigo

explicar-te por que não 

preocupa o mundo

que estejamos vivos ou mortos

ainda assim

resisto com o teu nome

na minha boca.



 

20 comentários:

  1. É uma tragédia sem explicação possível, também não encontro justificação. Pobre povo que tanto sofre.
    ~CC~

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A história deste conflito explica a brutalidade de um povo que quer eliminar outro povo.
      Um abraço.

      Eliminar
  2. VENTANA DE FOTO
    La vida del ser humano es sagrada y todo el ser humano , tendría que respetarla.
    Un abrazo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Los intereses económico-financieros y la estrategia militar y territorial no permiten la paz y el respeto a la vida.
      Un abrazo.

      Eliminar
  3. A nossa existência é inexplicável, por que nascemos,
    por que morremos, qual o sentido de tudo isso. Às vezes
    penso que não tem sentido nenhum, que somos joguetes nas
    mãos de um qualquer deus menor.
    Momento alto em "Brancas nuvens negras".
    Um abraço
    Olinda

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ninguém até hoje explicou a razões da existência da vida. Sendo assim, Fernando Savater conclui que, já que vivemos, o façamos o melhor possível.
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

      Eliminar
  4. Não é possível ficarmos indiferentes, mas foi possível eu ter ficado sem palavras depois de ter lido este poema...

    Um forte abraço, L.!

    ResponderEliminar
  5. é simplesmente devastador.
    cada imagem é um murro no estômago e um sentir de raiva para com a impotência que o mundo demonstra no ficar quieto perante esta chacina.
    e no meio disto ainda existem os hipócritas que andam de um lado para o outro dizendo que estão a negociar um cessar-fogo, mas não param de vender armas.
    hipocrisia do mundo que podia fazer regressar os seus embaixadores e isolar Israel até que acabe este genocídio.
    este poema é a dor de um pai mas é também a nossa vergonha

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Subscrevo tudo o que disse.
      Alguém levantou a voz (por acaso na nossa língua) e estão a tentar destruir a sua coragem. Ora para uns, ora para outros, tudo fica mais fácil se os Palestinianos desaparecerem. Mundo imoral... mas rezam.

      Eliminar
  6. Um gritoque aborda a perda não apenas como ausência física, mas também como a incapacidade de explicar e compreender os mistérios da existência, deixando uma sensação de vazio e incompletude que ecoa através das gerações.Nem eu entendo. Mas dói.

    ResponderEliminar
  7. Emocionante...
    Penso que grande parte da humanidade lamenta a sorte da Palestina, Ucrânia e de suas crianças...
    Mas o destino está na posse de insensíveis...
    Um grito de denúncia excelente. Abraço
    ~~~~~~~~~~

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A humanidade encontra-se num período de desumanização.
      Um abraço.

      Eliminar
  8. Luiz Gomes deixou um novo comentário na mensagem "":

    Difícil até lhe desejar boa noite. Sua foto é marcante e impossível não chorar junto.

    ResponderEliminar
  9. A foto é só por si, uma autêntica tragédia.
    As palavras doem.
    :(

    ResponderEliminar