Foto de Daniel Filipe Rodrigues
As velhas aldeias
Ficou pelo ar o canto metálico
do sino da minha aldeia
o magro rio murmura um lamento
por entre as pedras e os limos
vejo um fio de fumo
como se uma casa ao longe
estivesse pendurada do céu
uma aeronave rumoreja e risca
o azul no cimo da memorial serra
o chão do vale está todo verde
sem ínterim divino ou humano
resta viva uma teimosa laranjeira
que resiste ao peso cíclico
dos pontos de cor luminosa
a velha aldeia já não tem ânimo
para nascer todos os dias
tudo é silêncio na sua orfandade
as grandes cidades mataram-lhe
o pai e a mãe e os seus filhos
estão a partir
a minha cadeira lá fora
adormece sem ninguém.
No outro dia, meu neto perguntou
ResponderEliminar"O que é um aldeão"
e deixei-o sem resposta
Amanhã,
talvez le leia
teu poema
Boa ideia.
EliminarUm poema muito, mas muito real do panorama de quem deixa o seu país e a sua aldeia. Estamos na época de virem de férias materem as saudades ,mas muitos não conseguem.
ResponderEliminarRecordo o meu berço fechando os olhos e relembrar até as lágrimas cairem.
A foto é muito bonita!
Beijos e um bom sábado
Muito obrigado, um comentário de carácter muito emocional. Gostei.
EliminarBom fim de semana.
Um abraço.
A fotografia não me lembra uma aldeia portuguesa, provavelmente, porque conheço mal as aldeias portuguesas.
ResponderEliminarA bela fotografia lembra-me as minhas férias na Bavaria. A típica igreja ⛪️ e até mesmo a cadeira.
Adiante …
Um poema lírico que tem a ver com a saudade do povo português.
O lugar não é Portugal é na Áustria.
EliminarQuase ninguém sabe hoje que a Baviera e a Áustria já pertenceram juntas.
EliminarNo entanto, os paralelos em linguagem, mentalidade, bem como arte e arquitetura estão presentes.
E emocionalmente, a Áustria geralmente está mais próxima da Baviera do que Berlim.
Isso também serve como um potencial de ameaça.
A fotografia — que a identifiquei imediatamente como não sendo uma aldeia portuguesa — não ofuscou o poema.
Os verdadeiros emigrantes continuam agarrados à sua terra natal.
O poeta descreve essa problemática com grande sensibilidade.
Esclarecedor e muito correcto o comentário sobre a Baviera.
EliminarO autor agradeçe a gentileza da classificação.
As aldeias ficam despovoadas com o êxodo
ResponderEliminarpara as cidades.
Todos partem. Ficam os velhos até morrerem.
E os bancos vão ficando vazios.
Um abraço
Olinda
Com o seu comentário apeteceu-me brincar assim:
EliminarOs bancos das aldeias ficam vazios mas os bancos da cidade estão a abarrotar de dinheiro.
Um abraço.
Gostei do trocadilho. :)
Eliminar👍
EliminarBoa tarde Luís,
ResponderEliminarAs aldeias já não têm o brilho e a vida de outrora.
São apenas sombras do passado.
Belissimo e nostálgico poema, com o qual me identifiquei.
Beijinhos,
Emília
As aldeias estão em estado de coma. Muitas não se vão salvar.
EliminarUm abraço.
Realista e triste.
ResponderEliminarAs aldeias ficaram desertas...
:(
Sinal dos tempos.
EliminarUm abraço.