Foto de Daniel Filipe Rodrigues 



Aqui estamos


Entraste por mim

com a simplicidade com que se entra 

no primeiro mês de outro ano

sinos e luzes 

e a amargura nas mãos a desaparecer 

na boca tinhas a palavra necessária 

na tua voz luzes equivalentes 

a um pequeno sol

encontraste-me no labor 

de procurar uma ideia

eu que tinha adormecido

escutando as ideias dos outros


nunca identificaste as feridas 

na minha voz

nem a minha expressão indecisa

porque nunca sentiste

o perigo a balouçar sobre a cabeça

entretanto

o tempo desdobrava-se em vazio

o tempo nunca se engana

e tudo era a negação de tudo

nunca mais reconheci

o teu sorriso de sempre

vê como envelhecemos.



 

15 comentários:

  1. Apesar de reformado, pensionista e idoso
    quando for velho
    quero envelhecer assim

    (belo poema)

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  2. Por vezes identificamos as feridas na voz, mas o decoro...
    O silêncio pode ser mais intrusivo.
    Repare nos velhinhos.... O sorriso é o mesmo de sempre.
    Bonito poema! ♥️
    Um pouco nostálgico,
    porque nos faz lembrar do que fomos e perdemos.

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  3. O tempo nunca se engana...e quanto às feridas, por vezes, a melhor cura é apenas estar presente...
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Identifiquei-me neste teu poema bem nostalgico mas com uma verdade absoluta que muitos fazem por ignorar! Gostei imenso!
    Abraços e um bom dia

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    1. Falamos das coisas mesmo que em forma de poesia.
      Bom Dia.
      Um abraço.

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  5. Teresa Palmira Hoffbauer16 de agosto de 2024 às 11:12

    Por mais diferentes que sejamos, todos nós temos uma coisa em comum: à medida que envelhecemos
    momento a momento, o resto da vida encolhe inexoravelmente.
    Aqui estou para elogiar o poema.
    E sem palavras para descrever a beleza da extraordinária fotografia.

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    1. A recepção positiva dos meus escritos, por parte dos meus leitores, enfeita essa sensação do tempo a desdobrar-se no vazio. O autor fica reconhecido.

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    2. Aqui parada no tempo que nunca pára, que nos leva,
      por vezes, para além daquilo que poderemos suportar.
      Nem sempre as feridas do outro são identificadas,
      pois cada um considera as suas por demais
      excruciantes.
      Um poema reflexivo. Para ler e reler.
      Um abraço
      Olinda

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    3. Achei o seu comentário muito sensato, afinal, chegamos a um ponto da vida em que percebemos quase tudo.
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  6. Boa tarde Luis,
    Um poema muito belo.
    Tudo envelhece. Só o amor permanece intacto.
    Beijinhos,
    Emília

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