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Caminheiro sem sapatos


Calço os teus sapatos e caminho

eles são à medida da vertigem

de caminheiro inútil 

tomaste conta da minha viagem

e trago-te na memória 

como uma mochila de pedras

sou já um aposentado dos sentimentos 

e sei que não há compaixão 

para quem vive de tão curta pensão 

darei a volta ao mundo

ao meu mundo cansado

no regresso deixarei à tua porta

os teus sapatos e neles

a primavera de um lugar longínquo 


rasgo o mapa da nossa vida

e parto descalço.



 

10 comentários:

  1. Há muita gente de barriga cheia e de nariz empinado, que não calça os sapatos dos outros!
    Beijos e um bom sábado

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  2. E mesmo sem sapatos viajamos pela vida...e damos a volta ao Mundo...
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Com os meios de comunicação de que dispomos hoje, pelo menos matamos a curiosidade.
      Um abraço.

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  3. Boa tarde Luís,
    Um poema muito belo, com metáforas sublimes!
    Nenhum caminheiro é inútil! Há sempre algo que o move, nem que seja para alcançar o mundo, descalço.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Emília

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  4. Gosto da fotografia esfumaçada ou seja a sombra bem marcada e nítida
    Tipo a 'dureza da luz' no falar dos fotógrafos .
    Um 'aposentado de sentimentos' que faz poesia e deixa a primavera entrrar na nossa
    sala, assim na intimidade_ descalço.
    Fica bem, amigo

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  5. E mesmo descalços, tantos caminhos se fazem.
    Lembrei aqui a minha avó, que grande parte do tempo andava descalça. Os sapatos eram para a missa ou algum casamento.
    Dizia ela que preferia andar com os pés na terra, do que calçada com sapatos de outros a ferrar-lhe os calcanhares :)
    Gostei.
    Abraço e brisas doces ***

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    1. Há momentos em que descalçar os sapatos e andar descalço nos provoca uma sensação de liberdade.
      Um abraço

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