O alimento do poeta


Digo-te palavras a esmo

para que acredites que sou um poeta


tu dizes 

que inutilidade a do poeta 

quando confunde 

o seu prazer de morrer de contente 

no fim de um poema

com o prazer que julga haver nos que 

apagam com os olhos as suas palavras 


eu digo

como é diferente quando o poema

nasce na boca do poeta e

quando o poema passa a viver

na boca de alguém 


mas a boca do poeta 

também alimenta o corpo do poeta

este ao terminar o poema 

pede um chá preto e um mil-folhas

que é o que está mais de acordo

com o seu estado de espírito 


digo-te

nunca mais te darei as minhas palavras 

nem a minha boca.



 

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