O alimento do poeta


Digo-te palavras a esmo

para que acredites que sou um poeta


tu dizes 

que inutilidade a do poeta 

quando confunde 

o seu prazer de morrer de contente 

no fim de um poema

com o prazer que julga haver nos que 

apagam com os olhos as suas palavras 


eu digo

como é diferente quando o poema

nasce na boca do poeta e

quando o poema passa a viver

na boca de alguém 


mas a boca do poeta 

também alimenta o corpo do poeta

este ao terminar o poema 

pede um chá preto e um mil-folhas

que é o que está mais de acordo

com o seu estado de espírito 


digo-te

nunca mais te darei as minhas palavras 

nem a minha boca.



 

10 comentários:

  1. Com escrveu Natália Correia 'Oh subalimentados do sonho! A poesia é para comer'
    Dito isso_ não e atreva a não oferecer o chá e o mil folhas.
    meu abraço, L

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  2. A poesia é para ser saboreada... com ou sem chá... apenas sentir com a alma....
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Boa escolha...não dá para inventar mil folhas sem o creme no meio? Haverá sempre quem coma palavras poéticas como se fossem o próprio pão pois são alimento da alma (ou o que quiserem chamar-lhe).

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    1. Um mil-folhas de poesia, mesmo com creme, não faz mal ao corpo.
      Um abraço.

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  4. La poesía cuando es difundida, llega a mucha cantidad de gentes , que a base de leerlos sientes esos versos como si fueran suyos.
    Feliz fin de semana. Un abrazo.

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  5. Boa tarde Luís,
    Um poema maravilhoso e saboroso.
    Mil folhas o bolo que mais aprecio.
    A poesia, tantas vezes incompeendida, acaba por ficar apenas suspensa na boca do poeta que fica a aguardar nem sei o quê.
    Talvez o bolo e o chá.
    Beijinhos,
    Emia

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    1. A poesia alimenta a alma mas o poeta tem de alimentar o corpo.
      Um abraço.

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