Foto do autor do texto tomada do documentário VIDA SELVAGEM



Fico assim


Sou espectador de mim próprio 

assim sendo estou sempre comigo

debaixo d’olho

despenteio-me todos os dias

estou farto do cabelo alinhado

riscos no crânio sem utilidade

nem a beleza

nem o amor

nem a esperança 

importam agora __ quanto mais

pentear-me todos os dias

nada altera a fome o frio a morte

com zelo e surpresa vigio-me e 

não adormeço com medo de sonhar.



 

6 comentários:

  1. Não sei porquê (ou talvez saiba) ocorrem-me palavras de Saramago:
    “Eu não gosto de falar de felicidade, mas sim de harmonia: viver em harmonia com a nossa própria consciência, com o nosso meio envolvente, com a pessoa de quem se gosta, com os amigos. A harmonia é compatível com a indignação e a luta; a felicidade não, a felicidade é egoísta.”

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  2. Saramago aprofunda a explicação de um estado de espírito que advém daquilo que poderíamos definir com a expressão "está tudo certo na minha vida". Ora, essa situação verdadeiramente não existe, basta sermos lúcidos em relação à situação "do outro" ou da situação do mundo. Compreendo que Saramago vivia, a partir de certa altura, uma vida de "encantamento" mas essa era apenas a sua própria vida. A felicidade existe, mas apenas como um lampejo, uma sensação quase momentânea.

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  3. Um poema que muito me diz.
    A inutilidade de certas coisas,
    a fome e a sede de outras...
    a necessidade de olhar para
    dentro de nós...
    Um abraço
    Olinda

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    1. Tem razão. Esse é o exercício que deveríamos fazer.
      Um abraço.

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  4. Sonhos até são bons. Maus são os pesadelos. Olhar a foto e sonhar com ela é tudo menos sonho.
    Belo poema.
    .
    Votos de um Feliz fim de semana.
    .

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    1. Há sonhos que nos deixam mal dispostos ao acordar... como na foto.
      Bom fim de semana.
      Um abraço

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