Foto de Daniel Filipe Rodrigues



Não é eterno

Nada advém de eterno
daquilo a que chamamos amor

os que se amaram no passado
desconheciam a brutalidade
das palavras que já existiam
no seu futuro comum
e como se magoariam com elas

mas nem por isso
as cerejeiras deixaram de dar flor
as aves rumaram à sua origem
as nuvens pararam o seu caminho
e choveram 
sobre os campos e as cidades
um dia e uma noite 
um dia e uma noite
um dia e uma noite 

nos campos e nas cidades
tudo o que era eterno 
continuou eterno
tudo menos 
aquilo a que chamamos amor.


 


10 comentários:

  1. Essa minha chama
    continua a arder
    mesmo sem se ver ...

    (foto imensa)

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  2. Porque o Mundo continua a girar...e pode ser impiedoso....
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Bom dia
    A palavra eterno é das mais importantes, assim nós a queiramos eternizar.

    JR

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  4. O amor é eterno, o objeto amado não. Muitas vezes se confunde as duas coisas e quando se perde o objeto amado, a pessoa julga ter perdido também o amor.

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    1. Uma coisa está ligada à outra. O amor é sempre condicional, por uma ou outra razão, incluído os personagens. O amor com a descrição cor-de-rosa... não existe.

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    2. Falo do amor como sentimento, como possibilidade, como horizonte, como vontade, como impulso de vida. Julgo que esse não parte com a pessoa amada, se assim o quisermos, se preservarmos dentro de nós a capacidade de amar (nada disto é cor-de rosa).

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