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Cicatrizes que falam

Existe alguém que não tem 
a quem entregar as suas palavras 
alguém que não tem 
quem lhe aprecie os sentimentos 
alguém que tem sua uma primavera 
mas onde não chegaram as andorinhas 
e no seu jardim não há flores

existe alguém que tem dores
a dormirem dentro dele
mas que não sabe em que lugar
alguém que já era órfão 
ainda antes de ter nascido 
alguém que nunca esteve 
de mãos dadas com os seus irmãos 

existe alguém que mora 
ao fim da minha rua
tem as marcas da aventura nas mãos 
e no rosto cicatrizes 
a cortarem-lhe o sorriso 
e a dizerem que precisa de sol
como se afinal fosse inverno. 





11 comentários:

  1. Complexo este teu poema e digo apenas que todos temos cicatrizes da vida que falam mesmo!

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  2. Essa rua, essas esquinas são para mim muito familiares, diria que já aí estive. Também a infelicidade me é familiar, compreendo-a, embora procure não privar com ela em demasia, diria que uma pessoa pode mesmo viciar-se nela, mergulhar como num poço sem fundo. Não deixe que aconteça com a pessoa do fundo da rua. Abraço

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    1. Decerto conhecerá o lugar da foto... Barcelona.
      A infelicidade cruza-se connosco várias vezes durante a nossa vida, serve de inspiração.
      Um abraço.

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  3. A vida marca-nos, rouba-nos tempo e enche-nos de silêncios pesados... Não a vencemos, mas podemos libertar-nos desses silêncios, dessas dores, dessa angústia magoada....
    Nem que seja por um momento....
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Nem a infelicidade nem a felicidade duram para sempre.
      Um abraço.

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  4. Desde que me conheço
    me empenho
    em ajudar
    a calar
    cicatrizes assim

    e, sempre que nos outros
    resulta
    calo uma
    que havia em mim

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