Foto de Daniel Filipe Rodrigues
A nossa necessidade de consoloé impossível de satisfazerStig Dagerman
Encontrei a quinta portaa entrada para o mundo ___ de novoo quinto lugar ___ celestea quinta porta ___ humananela entro saindoaceitando que a montanhame espera imóveluma montanhaque tem algo dentro delaconheço a sua silhueta ___ cinco vezescinco vezes me encontreino início da subidafoi esta a abundânciaque a vida me ofereceucinco mundos estrangeiroscinco bocas murmurandocinco desejos mirradoscinco sóis desencontradoscinco nuvens persistentescinco pedras rebolandocinco portas como pálpebrascomo foi difícil chegar aquiencerrei a quinta portae deitei a chave ao rio.
O poema "Encontrei a quinta porta" e o texto "A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer" de Stig Dagerman abordam temas profundos relacionados à busca por conforto e à complexidade da experiência humana. Ambos refletem sobre a fragilidade da condição humana e a incessante procura por alívio em momentos de dor e solidão. No poema, a ideia de encontrar uma "quinta porta" simboliza a busca por novas possibilidades e esperanças, mesmo quando as outras portas parecem fechadas. Essa busca é um reflexo do desejo humano de encontrar um espaço seguro e acolhedor, onde possamos nos sentir compreendidos e amparados. Por outro lado, Dagerman lembra-nos que essa necessidade de consolo muitas vezes é inatingível. A vida é repleta de desafios e sofrimentos que, por mais que tentemos, não conseguimos evitar completamente. Essa dualidade entre a busca por consolo e a realidade de que ele pode ser efémero ou até mesmo inalcançável é um tema central em ambas as obras. Assim, tanto o poema quanto o texto de Dagerman convidam-nos a refletir sobre a nossa condição, a importância da esperança e a aceitação de que, embora a busca por consolo seja natural, ela pode não ser sempre satisfatória. Essa reflexão ajuda-nos a encontrar um sentido mais profundo nas nossas experiências, mesmo nas dificuldades. A maravilha desta publicação é enriquecida com a beleza da fotografia.
ResponderEliminarO autor ficou surpreendido com a imediata chegada da interpretação do seu escrito. Muito bem observados estes seus comentários, resultam na repetida leitura que o autor faz dos seus próprios textos depois da leitura das análises.
EliminarObrigado
Já escrevi algo semelhante sobre a frase de Stig Dagerman.
EliminarFrase essa, que sintoniza admiravelmente com o poema desta noite.
Conheci Stig Dagerman pela mão do poeta, lembra-se?
A história da vida é trágica. A obra literária triste, mas excelente.
Lembro-me perfeitamente da nossa troca de comentários sobre Stig Dagerman.
EliminarMuitas vezes, a " quinta porta" fica fechada... é impossível de abrir... e tudo o que resta é um vazio que nada ou ninguém preenche...
ResponderEliminarMas temos que continuar a tentar... porque os momentos de dor e solidão existem e tudo depende da forma como os encaramos...
Beijos e abraços
Marta
Estou muito de acordo.
EliminarUm abraço.
Bom dia
ResponderEliminarAté parece fácil encontrar a quinta porta e consequentemente fechá-la depois de ler este trabalho.
JR
A poesia ajuda a embelezar a tristeza.
EliminarUm abraço.
El mismo Papa, ha sentido deseos de abrir la quinta Puerta Santa. El primer domingo de 2025 fue el día elegido para la apertura de la quinta Puerta Santa, en la Basílica de San Pablo Extramuros. Con ello, se completan los ritos queridos por el Papa Francisco para el Jubileo Ordinario de la Iglesia universal, con el que inicia un tiempo de esperanza.
ResponderEliminarPor muy adversos que sea los tiempos, nunca hay que perder la esperanza.
Un abrazo.
La quinta puerta puede o no ser la salvación del sentido de la vida.
EliminarUn abrazo.
Muito místico. Haverá uma 6ªporta? E uma 7ª? Quantas portas somos capazes de abrir para procurar consolo?
ResponderEliminarA poesia poderá inventar essa sucessão.
EliminarUm abraço.
Um poema que qualifico com "cinco estrelas"
ResponderEliminarE eu agradeço.
EliminarE envio um abraço.
BeatriceMar deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarMuito assertivo!
A sensibilidade perante o viver a vida.
Gostei!
Muito obrigado.
EliminarUm abraço.
Cidália Ferreira deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarUm poema interessante, que deixa o leitor a pensar!
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Gélido Momento...
Beijos. Votos de uma excelente semana!
Muito obrigado.
EliminarBoa semana.
Um abraço.
Boa tarde Caro Poeta/Pintor e Fotógrafo
ResponderEliminarEste poema, de enigmática arquitectura, revela-se um verdadeiro labirinto simbólico. Inspirado pela reflexão de Stig Dagerman sobre a insaciável necessidade de consolo, o autor constrói um mundo que ecoa introspecção e ambivalência. Vou propor uma análise que transcenda o básico, explorando o busílis da salvação versus redenção e o papel das "cinco portas" no poema.
O poema é fragmentado, alternando entre versos longos e curtos, conferindo-lhe um ritmo vacilante, quase hesitante. Esse formato pode simbolizar a dificuldade de um percurso interior, onde cada passo parece instável.
Os números desempenham papel crucial: o "cinco" é repetido como um eixo que organiza o poema e reforça a ideia de completude (os cinco sentidos, os dedos da mão, ou até os elementos associados ao corpo humano na filosofia clássica).
A "quinta porta" é a chave do mistério. Representa uma transição — não apenas física, mas espiritual. O eu lírico não descreve directamente o que encontra além dela, mas sugere um ciclo de renascimento (“a entrada para o mundo ___ de novo”). Ao aceitá-la, não foge à montanha, mas reconhece sua imobilidade. A montanha, que guarda algo dentro de si, simboliza desafios, enigmas ou até a verdade oculta.
Salvação ou Redenção?
A salvação sugere escapar de algo; a redenção implica transformação e reconciliação. Ao encerrar a quinta porta e lançar a chave ao rio, o eu lírico parece mais inclinado à redenção: aceita sua jornada, por mais dura e repetitiva que seja, como necessária para o autoconhecimento.
Os cinco mundos, bocas, desejos, sóis, nuvens, pedras e portas criam uma sequência de repetições que enfatizam o peso da jornada. Cada "cinco" parece representar um fracasso ou dificuldade que o eu lírico enfrentou, até finalmente encerrar a quinta etapa, num ato de libertação.
As cinco portas como "pálpebras" sugerem um olhar interior. Abrir as portas seria como despertar para diferentes perspectivas do mesmo desafio; fechá-las, no final, é um gesto de aceitação do ciclo vivido.
A montanha é o eterno obstáculo, imóvel, enquanto o rio flui, carregando o passado (a chave) em direcção ao esquecimento ou à continuidade. Este contraste reforça a dualidade entre o que permanece e o que se dissolve, um tema central ao poema.
O poema reflecte uma jornada interior marcada por ciclos, fracassos e epifanias. A quinta porta, talvez, seja um portal para o eu lírico reconciliar-se com sua necessidade impossível de consolo. Ele não encontra uma solução definitiva, mas encerra o ciclo com um gesto simbólico, escolhendo seguir em frente. Talvez o poema pudesse sugerir com mais clareza o que está além da quinta porta. Não que precise ser explícito — às vezes, um único verso que insinue o "mundo ___ de novo" pode aumentar a força imagética e emocional. Fica o mistério que o autor quis transmitir, ou então eu não cheguei lá.
Continuação bom fim-de-semana.
Cumprimentos literários!
:)
Confesso que sempre me impressiono com as suas análises tão profundas. Perante os comentários desenvolvidos, que algumas caras leitoras elaboram, o autor lê e relê o texto que escreveu. Gratificante.
EliminarMuito Obrigado.
Um abraço.
baseando-me na frase de Stig Dagerman, diria que o poema explora a necessidade de consolo como uma jornada interminável, simbolizada pela "quinta porta". Essa porta, tão misteriosa quanto reveladora, parece representar uma transição — não um lugar de salvação no sentido tradicional, mas um espaço de redenção e aceitação.
ResponderEliminarSim, há um caminho em busca de...
EliminarUm abraço.