Chego a casasento-me no meu cadeirão do costumeacendo duas velasponho a tocar um trecho de saxemeio jazz meio baladaestá friocubro os joelhos com uma mantaverde padrão tipo escocêspego num álbum de fotografiasque está na mesa ao meu ladoe folheio-oPai muito direito a fumarMãe a rir despenteada pelo ventoeu pequeno no campo sobre um burroas minhas irmãs com chapéus de palhapequenas e iguaiso nosso gato cinzento a dormirtodos ___ sempre todosno quintal da nossa casadepois no terraço da outra casaou na praia à sombra dos barcos dos pescadoresdaqueles com um bico apontado para o céunós pequenose maiorese ainda maioresdepois ___ várias folhas sem nadano fim do álbumum pequeno ramo de folhas secasuma relíquia do casamento dos meus paistodos chegaram ao fima música chegou ao fimsopro a chama das velasapago a luze adormeço ali mesmocom o passado ao colo.
Essa tal nostalgia _ guardada em detalhes e solta no poema.
ResponderEliminarGosto disso L , suas reminicências ... quase um lamento .
'No fim do álbum , ' folhas sem nada.' ... É ssim que sempre termina.( com o passado no colo).
abraço de boa noite e saúde .
Há momentos em que a nossa amarra à vida é revisitar o nosso passado.
EliminarMuito Obrigado.
Um abraço.
Há dias em que percorrer o passado faz todo o sentido... principalmente quando o hoje é agressivo...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
O seu comentário, com o qual concordo, sugere-me o mesmo que eu disse no comentário anterior "Há momentos em que a nossa amarra à vida é revisitar o nosso passado."
EliminarUm abraço.
Não adormeci com o passado ao colo.
ResponderEliminarAcordei a olhar para a folha em duas partes (latim: biloba) de uma árvore de ginkgo, e recordei o poema que Johann Wolfgang von Goethe escreveu aos 66 anos, é dedicado ao seu amor tardio, Marianne von Willemer. Devido à sua forma, representa a folha de ginkgo como um símbolo de amizade.
Com efeito, foi sobre esta folha que Goethe fez o poema que cita, no entanto a reprodução da folha de papel em que o Poeta escreveu o poema, mostra duas folhas de Gingko Biloba com um formato algo diferente da que eu reproduzo, a folha em que Goethe se inspirou sugere realmente que são duas folhas unidas. No entanto a símbologia mantém-se.
EliminarÉ absolutamente correcto que a folha em que Goethe se inspirou são realmente duas folhas unidas.
EliminarA folha que eu trouxe de Weimar é exactamente igual à da folha da fotografia.
Muito bem. Obrigado.
EliminarUma maravilha de poema que gostei muito na visita ao teu passado numa descrição gostosa. Eu ao contrário do poeta raramente o faço e não sei dizer-te a razão! Obrigado por este belo momento de leitura!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
O passado é uma referência e a parte de nós que existiu.
EliminarBom dia.
Um abraço.
Recordar un pasado mientras se pasan las hojas de un album de familia, es revivirlo y, al mismo tiempo, despertar la añoranza que siempre estará latente en nuestros corazones cuando ya se han ido.
ResponderEliminarEntre las hojas de cada libro, siempre encontraremos un recuerdo, bonita tu foto .
Ha sido un placer conocer tu espacio.
Cariños.
kasioles
Agradezco este primer comentario tuyo.
EliminarLos registros fotográficos son también los lugares donde fuimos incluidos. Cuando hojeamos estos álbumes, revivimos momentos que nunca se desvanecerán.
Un abrazo.
Admiro a las personas que tienen el don de la música y toca algún instrumento.
ResponderEliminarUn abrazo
También pienso que la profesión más maravillosa es ser músico.
EliminarUn abrazo.
um album de fotos
ResponderEliminarum legado do passado
as memórias
o recordar ... que poema tão belo...
Muito obrigado pelo que me disse.
EliminarUm abraço.
Boa Noite Caro Poeta/Pintor e Fotógrafo
ResponderEliminarEste poema é uma ode ao rito íntimo de despedida, ao mesmo tempo resignado e sereno. A casa, o cadeirão e as velas formam o palco de um momento quase litúrgico, onde o protagonista celebra o passado como se folheasse uma prece visual. A escolha de um trecho de saxofone – jazz misturado com balada – já sugere um tom ambíguo, entre a melancolia e o consolo.
O álbum de fotografias torna-se mais do que um objecto; é um portal para um tempo em que a vida tinha forma, cor e movimento. Cada página contém uma narrativa simples e universal: pais, irmãos, infância, momentos fugazes de alegria, de simplicidade. Mas, à medida que as folhas se esvaziam, o leitor é confrontado com o inescapável: o fim. A inclusão do ramo de folhas secas como último vestígio palpável do amor eterno dos pais acentua a fragilidade e o peso da memória.
E então o poema fecha-se, como o álbum, com a música que acaba, as velas que se apagam e a luz que se esconde. Tudo termina em silêncio, excepto o passado, que permanece, quase fisicamente, "ao colo" daquele que rememora.
É um poema que fala da mortalidade sem medo, com uma aceitação quieta, como se cada detalhe – a manta, as folhas vazias, o saxofone – fosse parte de um ritual que transforma o fim em poesia. Fico na dúvida se esta análise do poema, estará correcta, mas, é apenas a minha análise, cada leitor terá a sua.
Continuação de semana boa.
:)
A sua análise está muito correcta, com todo detalhe, o seu texto é maravilhoso. Gosto muito da palavra "inescapável" que é o título de uma música das minhas eleitas https://open.spotify.com/track/0OFsqhYh2n6KY2jaiWdHaD?si=gstktx1QTliZA2Yi3sW7fA
EliminarMuito obrigado.
Um abraço.