Foto do autor do texto
Suporto tudoque o esquentador se desliguea meio do banhoque tenha falta de dinheironum fevereiro bissextoque estejam esgotados os bilhetespara o único espectáculo de bonifratesque não haja dinheironas caixas multibanco da cidadeque chova sobre o estendalquase secoque sejam sem fim as grevesnos transportes urbanosque caia a repúblicamesmo que com trovõessuporto tudo ___ menosa prisão inexplicávela uma ideia sem futuro.
Essa prisão "inexplicável" é difícil para os outros entenderem por que o poeta ainda está tão atrelado a algo que claramente não leva a lugar algum. É uma metáfora de estagnação ou de uma "falsa liberdade", onde o poeta se engana ao acreditar que está em movimento, mas na verdade está preso a algo sem futuro.
ResponderEliminarO autor é um exilado sem qualquer hipótese de regressar ao seu lugar de origem. O autor considera a possibilidade de determinar o seu futuro.
EliminarA sensação de impotência perante a roda da Vida que gira e regressa ao mesmo lugar... sem que haja mudanças significativas...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Impotência diz muito bem. Mas, a roda da vida, também é obra dos homens e das mulheres.
EliminarUm abraço.
Há muitas coisas que suportamos, na verdade.
ResponderEliminarMas há as que são insuportáveis.
Magnífico poema, gostei imenso.
Continuação de boa semana.
Um abraço.
Neste adiantado do calendário sabemos do que falamos.
EliminarUm abraço.
Suportamos muita coisa no presente mas quanto ao futuro não sabemos o que irá acontecer com "tantos tachos" e sofrer antecipadamente tento não ser a minha praia! Gostei!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
O futuro é um túnel com as lâmpadas todas fundidas.
EliminarBom Dia.
Um abraço.
Também eu, estou assim...
ResponderEliminarGostei do poema em forma de desabafo....
O autor sente-se compensado quando algum leitor/a se identifica com os seus escritos.
EliminarUm abraço.
Bom dia,Caro Amigo Pintor/Poeta e Fotógrafo
ResponderEliminarAnalisando todas as metáforas deste poema que parece simples mas talvez seja mais que isso na minha análise.
A estrutura é fluida, quase uma enumeração de infortúnios banais, que vão ganhando força e culminam em um grito final: "suporto tudo ___ menos / a prisão inexplicável / a uma ideia sem futuro." Aqui, a repetição de "suporto tudo" funciona como um mantra, reforçando a ideia de que o eu lírico é resiliente, mas não invencível. Há um limite, e esse limite está no cerceamento do pensamento, na falta de horizonte.
Destaco também a maneira como os versos brincam com o absurdo da vida prática – como o esquentador desligando a meio do banho ou a chuva sobre o estendal quase seco – criando uma conexão directa com o leitor.
São imagens simples, mas universais, que servem como contraste à gravidade do último verso, ampliando o impacto emocional.
O poema ainda carrega um tom crítico, quase político, especialmente em "que caia a república / mesmo que com trovões". A linha entre o real e o simbólico é ténue, o que abre espaço para múltiplas interpretações.
Resumindo:
Este poema é uma celebração da resiliência diante dos pequenos dramas quotidianos, com um desfecho que grita por liberdade e rejeita a prisão do pensamento sem futuro
Um texto marcante, cheio de humanidade.
Não gostei da foto escolhida para o Poema, embora bem fotografada, acho que é muito redutora.
Boa semana
:)
Maravilhosa reflexão que adiciona interesse ao texto que publiquei. Eu o próprio me espanto com as suas análises, que agradeço.
EliminarUm abraço.
No segundo comentário, o poeta confessa que escreveu em seu nome, que o eu poético coincide com o eu autoral...
ResponderEliminarVai dissertando sobre pequenas tristezas da vida, para concluir num ápice intensamente dramático...
Por associação de contrastes, lembrei poetas brasileiros... Um deles diria...
'Amigo poeta, vá levando a vida com leveza, aprecie o céu e o canto do Sabiá, abrace as árvores, aspire os aromas dos jardins floridos, das matas, e das praias, maravilhe-se com as auroras e com os arrebóis... Você só tem dois jeitos, ou vive sorrindo, ou vive de braço dado com o desespero, 'cutucando' as feridas inutilmente...'
Quanto ao poema, teria ficado ainda mais interessante se houvesse um crescendo nos desesperos da vida...
A falta de dinheiro fecharia a primeira estrofe...
Bom dia. Beijinho
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O autor pode, em determinados casos, não coincidir com o homem poético. Seria limitador escrever apenas sobre a realidade e não lançar mão da ficção. O arcano é onde se localiza a fronteira entre um e outro.
EliminarBom Dia
Um abraço.
Exatamente, mas eu li os seus comentários.
EliminarComo não disse que o seu poema estava perfeito, não apreciou a minha tentativa de ajuda e não me agradeceu...
Tudo pelo melhor...
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Duros los tiempos que tenemos. Las noticias que da la tv, no tiene nada más que catastrófe. Los incendios de los ha costernado al mundo entero.
ResponderEliminarUn abrazo.