Foto de Ana Luís Rodrigues
Espero à sombra de uma árvoreque também esperadigo-lhetudo demorao sangue e a seivacorrem por dentrodos braços e dos ramostudo demoraos frutos virão do fundo da terrasombras e sombras depoisdessa espera virá um primeiro frutoe depoisum poema que digo em voz alta.
A fotografia leva-me a Portugal, quando eu era menina e moça e escrevia poesia, que lia em voz alta para assustar os passarinhos.
ResponderEliminarA foto é um lugar aprazível no Uzbequistão.
EliminarÉ curioso, que um país que eu imagino pouco aprazível para visitar, me lembre Portugal.
EliminarTudo leva o seu tempo.
ResponderEliminarA sombra está convidativa.
Um abraço
Olinda
É preciso dispor ainda de tempo para esperar.
EliminarUm abraço.
E goza-se o tempo... abre-se o livro e deixa-se que as palavras se espalhem pela sombra....
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
As palavras caem-nos no colo.
EliminarUm abraço.
Assim estou eu e identifiquei-me com as tuas palavras porque a espera é terrível! A foto é muito bonita e já tinhas noutro poema!
ResponderEliminarAbraço e um bom dia
Esperar requer muita paciência.
EliminarUm abraço.
A foto da sua filha Ana Luís, já eu a conhecia - daqui, obviamente - mas, tudo é sempre novo quando o poema é diferente.
ResponderEliminarBom resto de semana!
Nem tinha dado conta da repetição. Sim, mudando o texto a imagem ganha outro significado.
EliminarMuito Obrigado, igualmente.
Boa tarde, caro Amigo Poeta/Pintor
ResponderEliminarA estrutura do poema é marcada por uma espera contemplativa, quase meditativa. O sujeito lírico não apenas aguarda à sombra da árvore, mas encontra nela um reflexo da própria espera, ambos compartilham um tempo de maturação.
O verso "tudo demora", repetido em dois momentos-chave, sugere que tanto a natureza quanto a existência humana seguem um ritmo próprio, alheio à impaciência. O sangue e a seiva correm internamente, invisíveis, preparando algo que só mais tarde se tornará visível, seja na forma de frutos ou de palavras. Essa relação entre o crescimento natural e a criação poética reforça a ideia de que a arte, assim como a vida, exige paciência e amadurecimento.
A progressão do poema conduz o leitor por esse ciclo natural: das sombras à frutificação, da espera silenciosa à manifestação da poesia. Há um movimento de interior para exterior, culminando na libertação do poema, dito em voz alta, como se fosse o último estágio dessa gestação simbólica.
O Poema tem um tom elíptico e sugestivo. Ele não explica, ele evoca. Convida-nos a sentir a espera, mais do que a compreendê-la de forma linear.
A foto da filha está em sintonia com o trabalho poético, e é uma boa foto.
Desejo um bom fim-de-semana
Um abraço.
:)
Como sempre, uma análise detalhada e de quem conhece a arte. Sempre me delicio na leitura destes seus comentários.
EliminarObrigado.
Um abraço.