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Aqui estamos ___ vivendo
com a esperança da nossa imortalidade
a correr pelas veias e músculos 
do nosso corpo que afinal envelhece
há manchas e rugas a fazerem
um desenho novo 
da nossa cara e das nossas mãos 
que é o que mostramos mais

falamos com as manchas e as rugas
dos outros
que não são comparáveis às nossas
que ainda são poucas e dizem pouco
sobre a verdade da nossa imortalidade 

entre as minhas rugas e as tuas rugas
há um tempo de peles lisas e rosadas 
e uma ave que canta 
entre as nossas palavras 
e assim 
aqui estamos ___ vivendo
com a convicção que um de nós 
será mortal. 


 


12 comentários:

  1. Quase a morrer de sono, escrevo simplesmente que o poema, belo e profundo, celebra a beleza da vida e a esperança.
    A fotografia é mesmo muito sugestiva.

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  2. A vida avança... há as manchas e as rugas... temos toda uma história escrita...
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Tenho muito orgulho nas minhas rugas sinal que estou viva e vivendo um dia de cada vez! Sinceramente não olho para as rugas dos outros porque ninguém é igual mas todos temos em comum a mortalidade!
    Foi o que senti ao ler-te!
    Beijos e um bom dia

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    Respostas
    1. Aprecio essa posição de enfrentamento com a vida.
      Um abraço.

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  4. Não vivo
    em conflito
    com as marcas
    que a vida
    vivida
    me deixou no rosto
    e as deixadas na alma
    até me dão calma

    (poucos acreditam que seja octogenário...)

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  5. serão ambos mortais.
    só que... não sabemos quem será o primeiro.

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  6. Doce captação em forma de carícia, da tensão entre a aspiração pela imortalidade e a imposição do envelhecimento. Rugas e manchas convertem-se em símbolos do tempo, da experiência e da comunicação silenciosa de corpos tecidos. No fim, a aceitação da mortalidade (digo eu que vivo um luto doloroso).

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