IA



Tenho uma vizinha austríaca 
mulher elegante
carrega nos erres
quando diz 
                             boa tarrrde 
 provoca uma brisa perfumada 
quando passa em passo firme
tem dálias vermelhas na varanda
e luz quente nas cortinas
 
estranhamente à noite escuto
uma voz de homem 
cantando Schubert
no quarto do sótão. 


 




16 comentários:

  1. A maneira como o poeta descreve a vizinha austríaca, com a sua elegância, a brisa perfumada e as dálias vermelhas na varanda cria uma atmosfera muito delicada e cheia de vida. E a presença da música de Franz Schubert à noite, cantada por uma voz de homem no sótão, acrescenta uma camada de mistério e nostalgia ao poema. A escolha do compositor austríaco, com suas melodias tristes e emotivas, realmente reforça essa sensação de algo íntimo e quase secreto, como se a música fosse uma ponte entre o quotidiano e um mundo mais profundo e sensível. Não vejo na imagem uma mulher elegante, vejo sim, uma velhinha simpática.

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    1. Gostei muito do seu comentário, ele atesta o meu desígnio quando escrevi esse texto. O meu olhar vê, quase sempre, a elegância de uma mulher quando ela merece que eu a veja assim pela sua simpatia.

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  2. A elegância está na simplicidade das coisas...flores simples, mas que aquecem o ambiente e a música suave de Schubert liberta-nos de sentimentos negativos (para mim...chora-se, mas depois encontra-se paz)....
    Uma outra palavra será: suavidade.....
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Suavidade e delicadeza a parte da vida em vias de extinção.
      Um abraço.

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  3. A vida é muito melhor se tivermos vizinhos como essa bela mulher que só o seu sorriso é muito do meu agrado!
    Beijos e um bom dia!

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  4. Que bom, também aprecio a boa vizinhança. E é como a senhora da foto é linda porque a verdadeira beleza é a que está dentro do nosso olhar.

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  5. Li este seu poema e toda esta sua publicação como uma homenagem à mulher... Eu, que não sou austríaca, nem elegante, nem tenho dálias vermelhas na varanda e nem mesmo posso comprar cortinas, senti-me homenageada. Como ando doente, ainda não percebi muito bem por que me senti assim, mas que senti, senti.

    Obrigada e um forte abraço, L.

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    1. É um gosto para mim que tenha interpretado assim o meu texto. Costumo dizer "em cada mulher amo todas as mulheres do mundo".
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  6. Um poema delicado como uma cortina esvoaçante ao fim da tarde , entre passos elegantes, dálias e Schubert, desenha-se uma vizinha que é quase personagem de um filme. Gostei especialmente da forma como o mistério se insinua suavemente no final, como quem apenas espreita pelo vão da porta do sótão.
    Parabéns por esta atmosfera tão bem conseguida!
    A imagem da IA ficou super!
    Deixo um abraço.
    :)

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    1. São sempre interessantes e esclarecidos os seus comentários. São uma revelação para o autor.
      Obrigado.
      Um abraço.

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  7. Oi, amigo
    Tens estado a me emocionar ou estou eu muito emotiva.
    Tão linda a vizinha com o buquêzinho de rosas amarelas para se juntar as vermelhas ,
    e Shubert no porão certo que a casa nos enche de inspiração.
    Grande L .obrigada

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    1. Quando um/a leitor/a se emociona é um elogio para o autor.
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  8. Belissímo poema, assim como a imagem.
    Adorei.

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