Há em mim um lado pronto
a deixar de viver
faço à morte essa concessão 

afinal eu não sabia nada sobre a vida
que ela nos adoece à traição 
sem dar sinais e nos engana sempre
ao ponto de por tanto a amarmos
não acreditarmos na sua traição 
enquanto os outros vêem tudo em nós 

tenho em mim um lado pronto
a deixar de ter vida
há um coração 
a bater
a bater
a bater 
no fundo. 



 


 


12 comentários:

  1. Robert Schumann enfrentou momentos de profunda infelicidade ao longo da sua vida. Em 1854, ele tentou tirar a própria vida lançando-se ao rio Reno. Embora tenha sido salvo, a sua saúde mental foi gravemente afectada. Internado em Bonn, ele recebeu cuidados especializados, mas, lamentavelmente, a sua mulher nunca o visitou durante esse período difícil. Morreu sozinho.

    A música não ofuscou o poema.

    Que versos intensos e emocionantes, a força da sua expressão transmite uma profunda dor e reflexão sobre a vida e a morte. A imagem é também muito tocante.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Apreciei a introdução sobre Schumann, os artistas estão destinados ao sofrimento devido à sua extrema sensibilidade.
      Muito me contentou a sua apreciação sobre o que deixei escrito, a vida e a morte sempre um questionamento absorvente.

      Eliminar
  2. Um poema pessimista, que deixa pouco lugar à esperamça.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

    ResponderEliminar
  3. A vida é isso: traí-nos sem que saiba verdadeiramente... põe-nos à prova e nem sempre conseguimos superar...
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  4. No hay que dejarse vencer por la desesperanza. Ya llegará tiempos mejores. La vida hay que tomarla con optimismo y olvidar los momentos malos del pasado.
    Un abrazo.

    ResponderEliminar
  5. Também eu, embora muito experimentada em encontros e braços-de-ferro com a senhora da gadanha, me comovi profundamente com a leitura deste seu poema, enquanto ouvia o ÀS ESTRELAS, de Schumann...

    Por enquanto, meu amigo, recuso-me a aceitar que haja um lado de mim preparado para morrer. Ele existe, bem sei, mas não o quero aceitar. Não o aceito enquanto conseguir escrever poesia e a Mistral precisar de constantes cuidados de enfermagem veterinária, por muito ridículo que isto possa parecer-lhe.

    Um abraço, L.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vamos resistindo, ainda há ânimo e curiosidade com o que o futuro nos trás.
      Um abraço.

      Eliminar
  6. Emocionante e excelente, amigo Luís.
    Esteja pronto, mas não se entregue...
    É imprescindível resistir.
    O meu abraço.
    ~~~

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ou eu me engano muito ou já estamos a resistir.
      Muito Obrigado pelas simpáticas palavras.
      Um abraço.

      Eliminar