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Somos estátuas mudas
sentadas no nosso sofá pedestal
frente ao rectângulo de luz
comemos e bebemos
e damos estalos de prazer com a língua 
no quadrado luminoso homens correm
levados pela multidão 
com um esquife branco ao alto
um vencedor morto
e outro
e outro
e uma criança 
os vencedores são os que morrem
e são erguidos na glória 
sobre a dor dos que ficam

as estátuas também são brancas
de mudez
não são poetas
não são sacerdotes
não são médicos 
não são isto nem aquilo
não são nada se não 
estátuas que trabalham e procriam
e se esmagam contra as paredes 
da vida pelo excesso de velocidade 
de não pensarem em nada

no rectângulo de luz está tudo
o que pensaram para eles
os que pensaram para eles
e os tornam felizes
por não pensarem
tal e qual as estátuas 

numa nuvem de pó no horizonte
adivinha-se um exército de buldôzeres
a aproximar-se.


 


 

4 comentários:

  1. A indiferença doí...
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Amigo Poeta/Pintor

    Um poema de forte densidade simbólica, que nos interpela com imagens duras e provocadoras
    O olhar crítico sobre a passividade moderna é contundente, como se estivéssemos a ser lentamente moldados em pedra.
    Deixo o poema a ecoar em mim, como quem ouve um trovão ao longe.
    A imagem da IA é pesada embora esteja em afinidade com o poema.
    Deixo um abraço.
    :)

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    Respostas
    1. É real a indiferença que vai tomando conta das pessoas. Apreciei o seu comentário.
      Um abraço.

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