Foto do autor do texto
Confesso-te que me encantavestir as tuas camisas perfumadassei que os botões pedem a minha mão direitaa mesma que desaperta os teus botõese o mais que é necessáriopara tocar o lugar onde guardas o coraçãocom que encho a minha mãoconfesso-te que me arrepia a pelevestir as tuas camisas perfumadase sentir ainda o teu peito sobre o meutive acanhamento quando comecei a gostarde vestir as tuas camisas mas perdi-oquando começaste a vestir as minhasagora sabemos que foi assimque nos ensinámos a viver um dentro do outromesmo quando estamos sem camisa.

Me lembrei da música que gostava de ouvir (do nosso brasileirinho Roberto Carlos);
ResponderEliminar"Os botões da blusa/Que você usava/ E meio confusa/Desabotoava "...
O poema é todo um arrepio só ,,, Obrigada L , gostei !!
O Roberto animou a minha juventude.
EliminarObrigado.
Um abraço.
Uma cumplicidade amorável.
ResponderEliminarBom feriado.
Abraço
Olinda
O que torna sólida uma relação.
EliminarUm abraço.
A cumplicidade para viver em pleno o amor....
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Um nível de cumplicidade difícil de alcançar nos dias de hoje.
EliminarUm abraço.
O amor íntimo e a união física-emocional, expressa por troca de roupa como metáfora da intimidade e da fusão entre dois corpos e identidades. A voz directa com toques de timidez e arrepio, alternando entre o desejo e a reserva. O poeta revela sentimentos com vulnerabilidade, o que aproxima o leitor da intimidade do eu lírico. O poema apresenta uma cadência contínua, quase de prosa poética, seguindo uma dinâmica de revelação gradual do primeiro vestir, ao tocar, ao coração. A repetição de “vestir as tuas camisas perfumadas” actua como refrão temático que fixa o núcleo da experiência. Há uma tensão entre atracção imediata e a lembrança de uma fase anterior “quando comecei a gostar de vestir…” vs. “quando começaste a vestir as minhas” que culmina na ideia de uma convivência de corpos que se aprendem e se aceitam dentro da ausência ou da presença de roupas.
ResponderEliminarSumma summarum: o poema celebra a fusão de identidades e de desejos que ocorre quando dois amantes se reconhecem como parte um do outro, um dentro do outro, mesmo na ausência de roupas — uma metáfora para a intimidade que transcende a superfície.
Brilhante comentário, como sempre. A sua análise entusiasma o próprio autor que absorve a poética expressa nas suas esclarecidas palavras.
Eliminar