Fracção de imagem do cartaz promocional do filme O Deserto Vermelho de Antonioni
A realidade tem qualquer coisa de inquietante
mas não sei o que é
perdido num cais entre o labirinto estreito dos contentores
um monte de livros esventrados e mortos
a tua ida com uma mala e a dizeres que voltas
uma criança sozinha numa varanda com uma cadeira
ter de atravessar uma nuvem amarela de veneno
andar à procura de moradas que já não existem
sons estranhos saídos de tubagens industriais
uma nuvem de pó dos elefantes caminhando para cá
a realidade tem qualquer coisa de inquietante
mas não sei o que é.
Inspirado em alguns elementos do filme ”O Deserto Vermelho” de Antonioni.

Há uma premonição boa ou má que não se revela totalmente, mas que somos incapazes de explicar....como se estivesse escrita na pele...E, depois... simplesmente explode e nada nos prepara para isso...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
A realidade tem qualquer coisa de inquietante mas não sei o que é.
EliminarUm abraço
Bom dia
ResponderEliminarTudo o que diz no problema nos atinge como flechas~
disparadas sem aviso. Desolador e inquietante, mas
quando acontece, e é com frequência, perdemos uma
boa parte da nossa humanidade.
Um abraço
Olinda
Apercebemo-nos do perigo.
EliminarUm abraço.
O poema evoca uma sensação de inquietação existencial através de imagens oníricas e urbanas, onde a realidade se revela fragmentada e ambígua. A presença de elementos como o cais, os contentores, livros esventrados, uma criança solitária, e uma nuvem de veneno sugere uma atmosfera de desolação e perda, refletindo uma condição de alienação e incerteza. A referência ao filme "O Deserto Vermelho" de Antonioni reforça essa atmosfera de vazio e busca por sentido num mundo desumanizado. Em suma, o poema explora a complexidade da experiência humana diante de uma realidade que, embora familiar, permanece profundamente inquietante e enigmática.
ResponderEliminarFiquei com uma sensação confortável depois de ler o seu esclarecido comentário. É encantador para um autor ver a atenção que a leitora dedicou ao escrito até elaborar a sua análise tão certeira.
EliminarÉ meu dever agradecer.