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Quero dividir contigo o peso da vida
como se a vida fosse dentro de um saco
e cada um de nós com a sua asa
preocupados com o equilíbrio
a cruzar as vozes e os olhares
e a saber andar sem tocar o chão
penso
no que somos capazes de inventar
para definir a felicidade
e assim se inventa uma frustração
num saco roto por onde se esvai a vida
tão certo
que mesmo pegando nas duas asas
ao mesmo tempo
se vai deixando tudo pelo caminho
pode haver um lado bom nisto tudo
se o saco for forte e reutilizável
assim será possível transportar
mais vidas e com o peso de outros tempos
voltando sempre atrás para recuperar
a carga perdida
será possível até nascer outra vez
e recomeçar
e ter os mesmos desejos
usar as mesmas palavras
cometer os mesmos erros
até ter de transportar a vida
nas próprias mãos
ou dividir contigo o peso da vida
até perceber que me devo ver livre
do supérfluo
dos fantasmas da infância
das palavras que nos deprimem
dos perdões impossíveis
das ideias absurdas sobre felicidade
da chuva triste sobre a cidade
da inutilidade da poesia
confesso que senti uma dor no peito
ao fazer este poema.