Deixaste-me no chão o pão do diadobram-se-me as pernas ___ ajoelhoe faço uma oração por tiuma reza de maldiçãoAbram-se o Céu e a Terraque os Mares te dêem o cobertoda tua casa no monteque um vulcão irrompano teu dorso e o lumete ilumine os cabelos até à raizassim correrás de joelhosaté à fenda desmedidada Jangada de Pedrae que a boca da terra te recebacomo pão seu alimentoassim seja.Obrigado pelo pão.

Deixo-lhe esta oração, que é a minha preferida.
ResponderEliminarE ainda uma fatia de pão, partilhado com as minhas mãos.
Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Li com atenção. Muito obrigado.
EliminarA tua oração é muito cruel que nunca eu faria ,porque poderia ter efeito de retorno, mas gostei porque puseram-te o pão no chão!
ResponderEliminarJá agora aproveito e dou os parabéns ao "Anónimo" pela sua oração.
Beijos e um bom dia!
O pão no chão... NÃO!!!!
EliminarFoi por isso que fiz a reza.
Um abraço.
após a leitura fiquei com vontade de reler a "Jangada de Pedra" do Saramago e transportar para os dias de hoje essa vontade indómita que o autor nos deixa de afastar a Península Ibérica desta Europa bafienta que se corrói por dentro até à "destruição".
ResponderEliminarObrigado pela sugestão.
A leitura de Saramago, mesmo que releitura, é sempre um encantamento na forma e uma sapiência no conteúdo.
EliminarUm abraço.
O pão como símbolo do essencial.. para repartir, para unir...embora também possa ser o contrário...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
O pão é o alimento básico, muito simbólico, sim.
EliminarUm abraço.
Deixaste-me no chão o pão do dia;
ResponderEliminardobram-se-me as pernas e eu ajoelho,
num luto que treme nas paredes da alma.
Faço uma oração por ti,
com voz de vela que vacila,
uma reza de maldição que sobe dos dedos até ao peito,
carregada de cinzas e de promessas quebradas.
Que o destino sussurre as palavras que não ousamos dizer,
enquanto o mundo inteiro parece ouvir o peso do nosso silêncio.
Poesia em cadeia. Apreciei.
EliminarBoa tarde Caro Poeta/Pintor.
ResponderEliminarO poema parece partir de um gesto humilde ,“o pão do dia”, normalmente símbolo de cuidado, partilha e sustento.
Contudo, esse mesmo gesto desencadeia uma oração paradoxal: não de gratidão, mas de maldição.
A voz poética recorre a imagens bíblicas e telúricas (céu, terra, mares, vulcão, fogo) para transformar o quotidiano numa cerimónia quase ritual de vingança.
A referência à Jangada de Pedra evoca a ideia de rutura, deriva e exílio ,como se o destino do outro fosse ser devolvido à própria terra, devorado por ela, tornando-se alimento, tal como o pão que ofereceu.
Assim, o poema movimenta-se entre o sagrado e o profano, entre a dádiva e o castigo, revelando um ressentimento intenso e irónico, que culmina num agradecimento final carregado de sarcasmo.
Demorei a interpretar, ou chegar à mensagem do poema, penso que consegui, mas...não sei se estará correcta a minha análise.
Boa semana!
:)
O seu comentário está totalmente certo. Não poderia estar mais correcta a sua interpretação. É um gosto que um/a leitor/a dedique tanto tempo e atenção a um escrito meu.
EliminarMuito Obrigado.
Um abraço.