Sirvo-me de ti oh poeta e copio um dos teus versos
depois rasuro, apago, acrescento, altero.
Como este que aqui vai
"Que abismos sobre este corpo estranho".
Que estranho o verso que fala desse teu corpo estranho,
quando um corpo é um abismo eu acrescento oh poeta
que quem nasce num abismo nada lhe parece estranho
e a estranheza do teu corpo são os abismos dos outros.
Que corpo é esse oh poeta mais estranho que os abismos?
Eu acrescento ao teu verso
que um corpo não sendo estranho poderá ser um abismo.
Agora, lanço o verso e o corpo nesse tal abismo estranho
e adormeço.
Sobre um verso de A. S. C.
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