Augusto Rodrigues



Desabafo secreto

 Não sei se já é a rendição
 mas já tenho um lugar onde me escondo
 quando discordas em voz alta
 e deixas para trás o próprio corpo.

 Não sei se já é a rendição
 mas tomo como um dia igual, que hoje
 sejas a vítima das tuas próprias respostas
 e a seguir seja o silêncio. 

 Não sei se já é a rendição
 mas adormeço quando me viras as costas
 e emudeces até vários amanheceres depois
 várias noites depois. 

 Não sei se já é a rendição
 mas quero-te ver deitada sob uma réstia de luz
 para me encher do teu corpo com palavras
 decoradas, repetidas até à próxima batalha.

 Não sei se já é a rendição
 mas vou ao ponto de dar nomes às derrotas,
 mas vou ao ponto de me ver no lugar onde m’escondo
 como um pacifista sem paz.


15 comentários:

  1. O ponto limite da condição humana.
    Bem descrito.
    Gostei

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  2. Não percebo muito disso de depôr armas, não é coisa que vá bem com o meu feitio,
    mas parece-me bem que isso se trata de uma rendição e incondicional, até.

    Rendida fiquei eu à beleza desse desenho.
    Que lindas gerberas!
    Quase lhe consigo adivinhar as cores:

    Amarela
    laranja e
    vermelha.

    Tenha uma boa noite! :)

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  3. Bom dia:- Lindíssimo de ler. Super poético
    .
    Um dia feliz
    Cumprimentos

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    1. Muito agradeço a sua invariável visita e comentário . Obrigado.
      Bom Dia

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  4. Render-se à realidade ou à inevitabilidade mais íntima?
    Muito belo, o poema.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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    1. Gosto do seu comentário e da sua visita que agradeço.
      Bom Dia.

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  5. Gostei muitíssimo do poema!

    Não somos quase todos "pacifistas sem paz"?

    Abraço, L.

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  6. Parecem-me tréguas.
    De nada.You are welcome.

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  7. Rendição?!
    Apenas pequenas tréguas!
    Não fora o facto de sentir um lado pacifico(sem paz)
    Rendição, não!
    :)

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  8. Obrigado pela sua interpretação, no poema também está expressa a dúvida.
    Prezo a sua visita.

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