Cabo da Roca


Invento que sou solitário
 Invento as minhas mãos
 Invento que estão marcadas
 Invento olhares furtivos
 Invento desejos absurdos
 Invento carícias fatais
 Invento vozes cantando
 Invento desgostos antigos
 Invento uma verdade desconhecida
 Invento uma força perdida
 Invento uma realidade irreal
 Invento com cores desconhecidas
 Invento uma serôdia nostalgia
 Invento que me obrigo a viver
 Invento que não me interessa o passado
 Invento que não me interessa o meu corpo
 Invento que tenho alguém à espera
 Invento listas de desejos, inacabadas
 Invento a alma de um poeta desaparecido
 Invento desassossegos que me desassossegam
 Invento o fim das dores
 Invento um nevoeiro claro
 Invento que estou em paz
 Invento, invento, invento
 para me reinventar.



22 comentários:

  1. Resumindo: razão tinha Pessoa, outro poeta fingidor...Todos o são, afinal.

    Que consiga inventar uma nova forma de ser, de estar e que seja feliz ao reinventar-se.

    Gostei deste estilo corrido, repetido e com um final muito interessante.

    Boa Noite e Parabéns. :)

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    1. Muito obrigado pelo comentário sempre simpático e divertido. Sobre a aguarela nada disse, terá passado despercebida?
      Boa Noite

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    2. De facto não me passou despercebida, mas tive uma certa relutância em lhe fazer referência.
      Ainda não conheço bem as suas reações e receio melindrá-lo.

      Então cá vai: Acho esta aguarela com traços menos firmes do que as anteriores.
      Como se ainda se não sentisse muito seguro.... Por certo será impressão minha.

      Fique bem.

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    3. Eu dei por isso, daí a minha pergunta. Não fico nada melindrado e tomo boa nota da sua observação. Não se esqueça da frase que está no cabeçalho do meu blogue "A verdade não é o que tu dizes é o que tu pensas" por isso o que vale é dizer a verdade e nem sequer ficar calado.
      Obrigado pela sua explicação que muito prezo.
      Boa Noite

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    4. Bom Dia!

      Então, se a verdade não for o que digo e sim o que penso, ao verbalizar o meu pensamento - como sugere - estarei a falar verdade ou a mentir?
      Acho que acabei por me deparar com uma encruzilhada...e agora?

      :-)

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    5. Acho que está a falar verdade visto que teve relutância em fazer a crítica mas depois foi capaz de dizer o que pensou. E eu agradeço.

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  2. A exploração exaustiva do verbo na loucura criativa da poesia
    Gostei

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário sempre interessante.
      Bom Dia

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  3. Todo o poema, de que gostei, é uma anáfora.

    Excelente, a aguarela do Cabo da Roca.

    Abraço, L.

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    1. Agradeço muito o seu comentário que é de alguém que "sabe da poda" como se costuma dizer. Sobre a aguarela, também o meu agradecimento.
      Boa Tarde, Boa Noite, etc. sempre bom.

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  4. Vou aqui deixar-lhe um agrado
    um pouco baseada no seu poema
    para quando regressar ao blogue
    ficar mais animado...

    É preciso acabar com a solidão
    É preciso que demos a mão
    É preciso remover cicatrizes
    É preciso olhares felizes
    É preciso desejar e possuir
    É preciso carícias sentir
    É preciso cantarmos em uníssono
    É preciso não remoer o passado
    É preciso conhecer a verdade
    É preciso ter força de vontade
    É preciso descobrir um sonho real
    É preciso chover para o arco-íris brilhar
    É preciso deixar a saudade passar
    É preciso viver e deixar viver

    É preciso, preciso, preciso
    haver complacência
    com a escassez de sapiência
    entremeada de improviso.

    E pronto, agora vou ali esconder-me, cheia de vergonha...

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    1. Não precisa de ter vergonha, eu também tinha acanhamento em vir mostrar estas coisas escritas e agora aqui ando, com agrado e que se deve à simpatia dos que me visitam.
      Gostei bastante da originalidade da sua mensagem.
      Até logo e obrigado.

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    2. Aqui neste blog a Janita é a nossa menina-de-ternura-cor-de-rosa. Sem si faltava doçura ao mundo.
      :)

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    3. Oh, Sinuosa, que coisa mais amorosa de ler e sentir...." menina-de-ternura-cor-de-rosa.".
      Levou-me às lágrimas. Muito obrigada!

      A si, que sinto não vai recusar, deixo um beijinho grato.

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  5. Eu gosto das pinceladas verdes das copas das árvores. Há figuras e até um gato (abaixo das duas janelas da direita).
    Inventemos!
    :)

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    1. Como é interessante o olhar dos outros e de cada um. Acho que encontrei a silhueta do gato. Apareceu sem eu querer e agora já não sai dali.
      Muito obrigado por estes comentários tão interessantes.
      Até logo.

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  6. Gostei do texto e também da aguarela. No entanto, gosto mais de aguarelas menos definidas, do género " Sintra Romântica " que acho lindíssima!
    Aprendi contigo que "menos é mais ". Parabéns pela inesgotável criatividade.

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    1. Obrigado por ficar aqui o registo do teu louvor. A fórmula "menos é mais" não é válida para a nossa entrega ao outro que é o nosso outro.
      Obrigado

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  7. Fiquei sem palavras.... Concordo contigo. Beijinho.

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  8. Achei a tonalidade da aguarela lindissíma .
    o poema seduz mas sou da mesma opinião da Maria João (comentário acima)
    E deixo os meus paraéns pela sintonia da postagem.
    :)

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    1. Agradeço a sua visita e as suas palavras sempre amáveis.
      Obrigado

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