Sintra romântica
Um homem vive numa pequena aldeia quase deserta
numa casa isolada rodeada de arvoredo.
É viúvo e vive sozinho, tem uma filha longe.
A rua onde vive, de terra batida
à noite tem pouca luz que vem de um candeeiro lá longe
e que provoca sombras que se movem.
Naquela noite ouviu bater à porta
receoso não abriu e perguntou ao que vinham.
Uma voz de mulher, aquela voz que ele reconheceu
e que já não ouvia há muitos anos
chamou pelo nome dele.
Tomado por uma curiosidade
com tanto de saudade como de temor, abriu.
Uma mulher vestida de escuro
que não conseguiu reconhecer de acordo com aquela voz,
estendeu-lhe uma caixa e logo desapareceu
diluindo-se nas sombras das árvores em movimento.
O homem, surpreendido,
sentou-se e pousou a caixa sobre a mesa.
Com receio do que poderia estar dentro dela
esperou uns instantes pensando
se não deveria lançá-la para o terreno das traseiras
e deitar-lhe fogo.
Mas a curiosidade ao mesmo tempo lembrando
aquela voz que lhe confiou a caixa,
foi mais forte.
Cortou o fio que agarrava a tampa e levantou-a,
no interior estavam dois pequenos sapatinhos
de lã cor-de-rosa,
os primeiros da sua única filha,
que estavam perdidos,
e que a mãe, com desgosto, procurou durante anos.
Que história simples e triste, mas ao mesmo tempo reconfortante
ResponderEliminarGostei
Muito obrigado pela já habitual visita e pela apreciação.
EliminarBoa Noite
História que vai, em crescendo, prendendo-nos a atenção e termina com num final surpreendente.
ResponderEliminarComo sempre, voltarei amanhã para reler atentamente.
Gostei da envolvência de mistério.
Reconheço-lhe uma imaginação criativa admirável.
Desejo-lhe um boa noite.
( espero não sonhar com algo idêntico. )
Sintra é, efectivamente, uma Vila que propicia cenas de verdadeiro romantismo.
Boa noite, uma vez mais.
Fico reconhecido pelos seus sempre desenvolvidos comentários e invariávelmente simpáticos. Esperarei pela segunda leitura que agradeço.
EliminarUma Boa Noite
Bom Dia.
EliminarNão pretendo ser analista dos escritos alheios, já que não tenho aptidões para analisar coisa nenhuma,
Mas, lendo agora tudo o que escreveu, com olhos, cérebro e, sobretudo, com coração, e sem a sofreguidão anterior, penso que esses sapatinhos de bebé, trazidos pela voz da mulher amada através de outra mulher, simbolizam a companhia que o homem precisava para atenuar a sua solidão, trazendo-lhe, em simultâneo, a proximidade da mulher amada e da filha ausente. Não carece concordância, é somente um feeling. :)
Agora vai desculpar-me este à parte, em tom de brincadeira, mas nunca por nunca ser de galhofa trocista.
Já imaginou o que poderia ter acontecido se o homem tivesse deitado a caixa para o terreno das traseiras e lhe ateasse fogo?
Com todo o arvoredo à volta e este calor infernal, poderia ter sido uma tragédia....
E assim me vou.
Votos de um Domingo inspirado.
Um abraço.
(afinal, já somos amigos, verdade? :-) )
Bom dia e muito obrigado pelo desenvolvido comentário e por ter juntado um texto bem humorado.
EliminarQuanto ao estabelecimento de amizades sou um pouco relutante no uso da palavra amigo, peço que me desculpe mas acho que assim valorizo a palavra e dou mais garantias, por isso escuso-me à resposta.
Desejos também de bom domingo e dias seguintes.
Compreendo perfeitamente a sua opinião, aceito-a e respeito-a, naturalmente.
EliminarFoi essa a minha ideia e estranheza, acerca da vulgarização da palavra, aquando me iniciei nos meandros blogosféricos.
Obrigada.
Obrigado pela compreensão. Não sou um entusiasta das redes sociais e da vulgarização que é feita de tudo e como isso tolhe as pessoas no seu desenvolvimento cultural e baixa o nivel critico da grande maioria dos praticantes.
EliminarQue maldade
ResponderEliminarcaro Daniel
Se fosse eu a escrever
cairiam nos braços um do outro
pois assim deveria ser
Esse fim seria mais feliz mas com menos criatividade e menos mistério.
EliminarAgradeço a visita e o seu comentário.
Boa Noite
Tempos esquecidos que voltam em sonhos.
ResponderEliminarObrigado pela sua visita e pelo comentário.
EliminarBom domingo
A mulher seria a mesma, obviamente noutra moldada pelas mãos do tempo... também o homem solitário e a filha ausente seriam já outros depois de dia a dia transcritos para a página seguinte do livro dos anos.
ResponderEliminarA única coisa imutável neste texto poético são a casa e os sapatinhos de lã cor-de-rosa. Lá em cima, Sintra romântica, desta vez a condizer com o poema.
Abraço, L.
Gosto dos seus comentários esclarecidos e de pendor poético. Muito Obrigado.
EliminarBardzo dziękuję za miły komentarz.
ResponderEliminarTłumaczenie Google
Sonho ou realidade? Eis o mistério que fica.
ResponderEliminar.
Domingo feliz
Abraço
O mistério prende a nossa atenção e estimula a imaginação.
EliminarObrigado pela visita.
Bom domingo.
Tão fantástico o conto como interessantes
ResponderEliminaros comentários e suas respostas.
Imaginativo, inesperado e muito bem escrito.
Diria que há fantasmas que sabem das coisas (?) perdidas ou lembram momentos marcantes.
Abraço
Boa Noite, gosto de o ver por aqui e fico contente com o seu comentário, é um incentivo para continuar.
EliminarUm abraço também e até à próxima.
Uma história interessante e terna.
ResponderEliminarO vocábulo sozinho não é acentuado, porque as palavras derivadas das acentuadas não levam acento. Ex; pé-pezinho; café-cafezinho; só-sozinho.
Ou seja, todas as palavras terminadas em "inho" não são acentuadas.
EliminarMuito Obrigado pela visita e pela informação.