Domingo à tarde

Este dia, agora, de tão distante já foi ontem

e ainda há pouco dançavamos enleados

sem nunca nos termos visto. 

Comemorámos o sucesso da primeira dança 

com uma laranjada dividida a dois

no balcão da sociedade recreativa. 


Nostálgica lembrança dos bailes 

quase virtuosos de domingo à tarde

com aquela jovem amada 

que nunca mais voltaríamos a ver 

apesar de a procurarmos nos domingos seguintes 

até nos apaixonarmos de novo numa outra dança. 


Nem hoje somos capazes de imaginar

um mundo que fosse diferente daquele. 

Talvez em algum lugar aquela avó

se recorde ainda do seu esplendor de jovem. 

Faço deslizar a mesma música de outrora

e agora dentro de mim assoma

uma lágrima sem retorno. 



 

15 comentários:

  1. Sem tirar nem pôr, uma versão poética das minhas tardes de Domingo.
    Saudade da mocidade e da Sociedade Recreativa " O Familiar", em Moscavide.
    A música ao vivo não era o Elvis que a cantava, eram Bandas da época.
    Cheguei a dançar lá com o Zé Manel dos "Conchas".
    Cantava bem mas dançava mal...uma desilusão.

    Como é que adivinhou? :-)

    Bela postagem.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Essa também foi uma realidade da minha época em Lisboa, Os Conchas incluídos.
      Obrigado pelo comentário e pela identificação.
      Um abraço

      Eliminar
  2. Meu caro,
    fica proibido
    de entrar
    tão desinibido
    no meu passado

    A primeira dança
    aconteceu
    no Ateneu

    "It's Now Or Never", acho eu

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gostei do seu comentário com humor. Afinal andámos todos por lá, Casa do Alentejo, Casa do Minho, Associação de S.Mamede, Casa do Algarve, etc., etc.
      onde havia baile lá íamos.
      Um abraço

      Eliminar
  3. Ilustre saudação do passado em forma poética
    Gostei

    ResponderEliminar
  4. Gostei desse seu Domingo à Tarde, mas não posso, como os outros, rever-me nele; nunca frequentei sociedades recreativas, preferi sempre o sossego das matas e dos jardins e o rei Elvis nunca me entusiasmou 1/10 do que me entusiasmavam os Beatles e Simon & Garfunkel, quando tinha tempo para os ouvir, de preferência no meu quarto e sozinha, porque o namorado não estava autorizado a lá entrar. Depois, no final da década de sessenta, quando decidi trabalhar para ganhar autonomia, só as músicas de intervenção me apaixonavam.

    Abraço, L.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também me revejo nesse percurso, nem sempre havia bailes. Também sou, ainda, um admirador desses artistas.
      Obrigado pelos seus sempre coloridos comentários.
      Um abraço

      Eliminar
  5. Respostas
    1. Sinuosa, por favor repita o seu comentário pois eliminei-o inadvertidamente. Quis apagar os que tinha apagado e... foi o mais importante também embora.
      Peço muita desculpa.
      Obrigado

      Eliminar
    2. Reproduzo o seu comentário para o caso de o ter perdido.

      Eu via as minhas amigas mais velhas a embonecarem-se para irem para esses bailes. E pressentia como era importante para elas. Talvez por isso me lembre.
      O Sr. das Nuvens é muito talentoso! É um um autêntico (e lindo) retrato antigo, em palavras, desses tempos!
      :)

      Eliminar
  6. Boa noite. Como fui criado na Igreja, quase não fui nesses lugares. Mais os artistas são maravilhosos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, esta vivência era diferente. Obrigado por ter vindo.
      Boa Noite.

      Eliminar
  7. um passado muito longiquo
    que o autor recordou

    a lágrima é da comoção
    ao ouvir a música

    beijinhos
    :)

    ResponderEliminar