Fogo


No meu ventre há um fogo

e uma luz que vem das montanhas. 

Os sulcos que vejo no caminho são já antigos

e iluminam-se, mal sonho que podes chegar. 

Nas montanhas há uma luz

e um fogo do seu ventre. 

Os sulcos que vejo no caminho iluminam-se

com a chegada mortífera da natureza. 


Quem disse que a natureza é perfeita? 

Foi a própria natureza, dizem. 

Desdigo essa certeza,

não há natureza nem deus

que dite a sua própria perfeição. 

E o fogo chega, imparável. 




 

24 comentários:

  1. FOGO!! Que poema! Já o li e reli e, de cada vez que o termino, apetece-me recomeçar.
    Acho que o vou levar. Posso?

    Fiquei feliz com a publicação da aguarela. Assim, dá-me a possibilidade de a analisar bem.
    E, mesmo assim, a imagem que vejo não me parece nuvem, mas isso também me acontecer ver gente e objectos nas nuvens de verdade.

    Obrigada, obrigada e nem sei bem o que, nem porque lhe agradeço...

    Um abraço! :)

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    1. Pode levá-lo sim. Vejo que hoje tudo lhe agradou. É um estímulo.
      Obrigado, Boa noite e um abraço também.

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  2. Hoje, não te comento
    Sinto-me a_noite_ser

    Amanhã, talvez
    irei amanhecer

    Contudo
    preparado para tudo
    espero o fogo

    Se não chegar, folgo!

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    1. O não comentário acaba por ser um comentário. Agradeço e bem vindo amanhã.
      Abraço

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  3. A intensidade dos elementos na poesiae na sua mensagem
    Gostei

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  4. A natureza é perfeita na sua própria imperfeição.
    A imagem é uma colagem?
    Poema e imagem absolutamente perfeitos, dito eu.

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    1. Obrigado, tomo em conta o seu comentário.
      Sim, a imagem é uma colagem e relevo.
      Agradeço a apreciação positiva.

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  5. Uma colagem lindíssima!

    Vez por outra, também eu sou montanha e anoiteço. Outras, mais raras ainda, entro em combustão.

    Abraço, L.

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  6. Dicen que la perfección no existe, pero aunque la Naturaleza no sea perfecta, no dejo de admirarla.

    Besos

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    1. Te acompaño en tu pensamiento, especialmente en el respeto a la naturaleza. Gracias por venir.
      Un abrazo

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  7. Posso atazanar?
    (aconselho a mandar-me calar, Sr)

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    1. Não devo mandar calar ninguém, se o fizesse, poderia estar a perder a possibilidade de ouvir algo positivo.

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  8. Então, com a sua licença, pode descolar a nuvem de terra e cinzas, para eu ver o que está por detrás?

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  9. E o nada tem que se imaginar, não se pode ver?

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  10. Ando há um ror de tempo para lhe dizer que gosto imenso da sua caligrafia e esqueço-me sempre.
    Agora, ao visitar o seu espaço, neste fim de dia algo atribulado, bati com os olhos naquele:

    Anoitecer. Tão perfeito e bonito, que disse, de mim para mim: É agora!
    Espero que não leve a mal.

    Só conheci, até hoje, uma pessoa com caligrafia igual ou muito parecida. Infelizmente, partiu há muito.

    Um abraço... ao ANOITECER. :)

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    1. Fico sensibilizado com a referência ao que viu escrito pela minha mão.
      Agradeço a gentileza.
      Um abraço.

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  11. Gostei dos sulcos, do caminho, das nuvens do fogo. Gostei muito do quadro. parece uma colagem...lembra-me um amigo que partiu já e foi dos pioneiros nesta arte.

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    1. Sim, é uma colagem. Muito obrigado por ter vindo aqui e pelas suas palavras de agrado.
      Até amanhã.

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  12. gostei da aguarela (colagem?)
    muito bem combinado com o poema.
    um poema forte e perfeito além de ser verdadeiro.
    Gostei
    Beijinhos
    :)

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    1. Sim, uma colagem. Obrigado pela apreciação positiva.
      Um abraço.

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