Nada recomeça 


O que eu daria para recomeçar tudo

para que o teu colo se revelasse

e não fosse uma ideia

que outros me ensinaram

quando eu já era velho. 


Nesse tempo eras tão pequena

que eu estava sempre ao pé dos teus lábios, 

à mercê dos teus braços,

poderias ter-me beijado e acariciado

todos os dias. 


Como eu gostaria de ter crescido contigo, 

nem me lembro de como adormecia, 

nem me lembro como os meus sentidos

se orientavam naquela ausência, 

apenas me amamentavas com lágrimas. 


O que eu daria para recomeçar tudo.




18 comentários:

  1. Posso estar errada, mas ao ler este poema,
    vi nele o lamento de um menino que foi criado sem colo.

    Recomeçar pode ser possível noutros caminhos,
    nunca no recomeçar da infância.
    E isso é tão triste...
    Desta vez não consigo encontrar relação entre a imagem e o poema.
    Talvez amanhã, se cá voltar, a minha apreciação do texto seja diferente.
    O estado de espírito de quem lê, pode adulterar a intenção do autor.
    Voltarei, portanto.

    Desejo-lhe uma Boa Noite.

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    1. Análise correcta.
      A imagem não tem a ver com o texto. As imagens inseridas raramente fazem alusão ao texto, só por acaso.
      Desejos de Boa Noite.

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    2. Mais outra simbiose correta entre ímagem e texto
      Gostei da emoção do texto

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    3. É um prazer ter a sua visita. Agradeço o comentário.
      Até amanhã.

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  2. Nada recomeça, tudo se renova. O que noutros livros, palavras, árvores, nuvens e sentires se plasma, perdeu o fio/sopro da sua original identidade... por isso é que a renovação corresponde invariavelmente a uma mudança.

    Repetir-me-ei, mas sempre lhe direi que gostei muitíssimo do poema e da aguarela.

    Abraço, L.

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    1. Nada recomeça, por isso nada se emenda, nada se recupera, poderíamos talvez nascer outra vez.
      Obrigado pela sua sempre desejada vinda.

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  3. Não, não era bem isso que eu queria dizer; tudo se recupera numa forma outra que não a original :)

    Outro abraço, L.

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    1. Ah, muito bem, acabo por estar de acordo consigo. O diálogo enriquece.
      Muito e muito obrigado.

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  4. Este e' um daqueles poemas, se nao intrigantes, pelo menos misteriosos:
    se e' o órfão sem colo ou o amante dum tempo precoce. Ficarei na dúvida,
    mas escolho uma parte: a primeira.
    Um Bom Dia

    "o homem e' as suas memórias"- Jorge Luis Borges

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    1. Qualquer interpretação é aceitável, essa recriação é um enriquecimento para o ponto de vista do autor que, talvez, nunca tenha pensado nisso.
      Agradeço-lhe.
      Boa Tarde.

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  5. Menino que cresceu sem o colo da mãe.
    Eu, menina, que cresceu sem o colo do pai.
    Vejo na imagem as lágrimas das crianças que crescem sem família.

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    1. Nenhum crescimento é como desejaríamos. Mas estamos cá.
      Obrigado por vir e comentar.
      Boa Noite.

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  6. O tempo não pára e deixa-nos sempre insatisfeitos. Boas palavras !

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    1. Talvez a insatisfação seja uma característica que nos permite evoluir.
      Obrigado pelo comentário.
      Boa Noite.

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  7. Caro Poeta/Pintor

    antes de tudo, vejo uma aguarela com cores suaves para dar uma leveza ao poema.

    tem várias ilaçoes, podendo ter mais que uma interpretaçao, mas isso é comum na poesia e especialmente no trabalho poético deste autor.~

    o cenário que eu inventei::

    Um homem muito bonito e bem conservado para a sua idade, mas, que está sentado num sofá de cabedal e que se sente "cansado" da futilidade da vida(não propriamente da sua).
    Olha á sua volta e depara com a foto de uma mulher lindissíma (quiçá parecida com ele) mas que nunca chegou a conhecr muito bem, pois andava sempre muito ocupada com outras coisas, e não tinha tempo para o filho.
    Olha e remira, e gostava de voltar atrás e apenas dizer:
    -Mãe, nem que seja só hoje, posso sentar-me no teu colo.
    E imagina que sim, imagina isso e tantas coisas mais, que não quer lembrar, e outras que realmente não lembra.
    Gostei muito de ler...o meu comentário é apenas a minha imaginaçao a divagar (não me leve aa mal)
    Bom domingo!
    :)

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    1. Gostei muito do seu comentário. Ele toca precisamente a origem do texto. Depois, toda a descrição que faz, enriquece o que escreve.
      Muito Obrigado pelas suas palavras.
      Bom domingo.

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