Simplificando


A simplificação da vida a que cheguei 

permite-me não precisar 

de mais do que dois pares de calças. 

A simplificação da vida a que cheguei 

permite-me compreender 

que somos seres tão complexos 

que ainda é uma sorte estarmos vivos. 

A simplificação da vida a que cheguei 

permite-me aceitar 

que de tão avançada que vai a vida 

olho para as minhas coisas

como se já não fossem minhas. 

A simplificação da vida a que cheguei 

permite-me acreditar 

que há um sol a cada esquina 

e que podemos cantar em vez de gritar. 

Mas, 

nesta quietude 

também se morre do coração. 

Resta-nos o encantamento 

de assomarmos à janela e ver 

que há sexos de mulher voando como borboletas.




23 comentários:

  1. Simplificando:
    Gostei do poema e da imagem 🦋

    Assomei à janela e ver
    Que há sexos de homem rastejando como caracóis 🐌

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    1. Gostei muito do final do seu comentário. A conjugação das duas imagens deixa-me imaginar um cenário fantástico.

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  2. A simplificação é uma miragem
    Tao difícil de alcançar

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  3. Mais simples do que isso __
    e coisa de grande valor
    __que faria a Mafalda
    delirar
    seria a piquena vir à janela
    e ver o CEGONHO
    a VOAR... 🧐


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    1. Também gostei do seu comentário. Afinal estes textos provocam a criatividade dos leitores, é estimulante para mim.
      Obrigado.

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    2. Pode até ser estimulante para si, mas não se deixe entusiasmar com estas gracinhas para não cair na vulgaridade.
      Isso do sexo das mulheres não deve ser tratado de ânimo tão leve...Sinceramente, não gostei nem um pouco do final que escolheu para este seu texto.

      Fique bem.

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    3. Não me parece desprovido de beleza dada a comparação com as borboletas, acho até uma imagem original, nada tem a ver com vulgaridade.
      Fique bem

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  4. Ás vezes, complicamos de mais as coisas. Devemos ser tão leves e transparentes como as borboletas, voar ao Sol...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário e pela apreciação, completou o meu pensamento.
      Um abraço, saúde.

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  5. Gostei muitíssimo, tanto do poema como da aguarela, mas... essa simplicidade que, efectivamente, nos chega ao final de muitas décadas de vida, vem acompanhada de algumas contradições e, a mim, faz-me precisar de toneladas de roupa usada até ao fio, para não congelar...

    Abraço grande, L.

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    1. Acho que isso é comum a muitos de nós. A poesia é a poesia, uma forma de dizer coisas.
      Agradeço muito a sua opinião.
      Um abraço.

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  6. Gosto do poema e da aguarela. Original o fim do poema, mostrando a contradição sempre latente entre a realidade e a imaginação.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. Valorizei o seu comentário, bem observado. Agradeço e envio-lhe um abraço.

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  7. Gostei da aguarela e da «leveza» do poema com um fim desconcertante.
    Deixemos esvoaçar as borboletas, de dia ao sol, à noite sob a luz fraca de um candeeiro de rua.
    Se à poesia tudo é permitido, permita-se!
    Beijo Luis, e um poético fim-de-semana.

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    1. Muito compensador este seu comentário pela aceitação dessa liberdade que nos leva a imaginar situações absurdas, a realidade aqui pouco importa.
      Um abraço, um bom fim de semana. Saúde.

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  8. Este tiempo de encerramiento, nos ha enseñado que podemos prescindir de muchas cosas.

    Besos

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    1. Estamos más contenidos con nuestros gastos,
      esto es beneficioso para nuestros presupuestos familiares.
      Un abrazo.

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  9. A simplificação da vida é algo que nos facilita a existência, mas também se pode morrer de monotonia.
    a minha imaginação foi á janela e eu, voei em tons de azul...

    Um abraço

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    1. Gostei do seu comentário, sobretudo do final. Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  10. A simplificação da vida a que cheguei
    permite-me concluir
    que ela é mais complicada
    que aquilo que eu pensava

    Sobra-me a imaginação à janela
    onde a esperada borboleta
    ainda não passa
    de larva

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