Foto de Daniel Filipe Rodrigues
Pai
Porque voltas tão tarde, ao ponto
de só cruzares o teu dia com a minha noite?
Porque tens esse olhar lá do alto
para que eu corra a esconder-me não sei onde?
Deixa-me ver os pirilampos
que guardaste dentro do teu lenço.
Ajuda-me a escrever este poema,
é sobre ti, para o teu aniversário.
Não morras agora que ainda é muito cedo
e eu não tenho outro pai.
Ajuda-me! Passaram tantos anos
já estou mais velho do que tu.
Pai,
diz-me como é abraçar um pai.
Também tenho direito
ao gorgulho da minha angústia.
A fotografia é do Daniel Filipe Rodrigues — o poema também podia ser da sua autoria.
ResponderEliminarUm apelo ao pai — lembra-me a carta que Franz Kafka escreveu ao seu pai.
O apelo é exactamente o mesmo.
Situações comuns que em determinada altura da vida aparecem na nossa memória.
EliminarAchei uma ternura este texto, uma ternura dorida de memórias e sentimentos que o tempo não apagou.
ResponderEliminarSó não consegui entender a última estrofe...
Ah, é o Daniel está de parabéns, a foto ficou muito bem conseguida!
Um abraço e boa noite
Errata:
EliminarOnde se lê "é" deve ler-se "e".
(tenho de rever urgentemente as definições do teclado deste telemóvel!)
Sim, a memória por vezes é um gorgulho que nos rói.
EliminarPOR PROFUNDO RESPEITO
ResponderEliminarFICO EM SILÊNCIO
e compreendo!
Abraço
Obrigado, levo em conta a tua atitude.
EliminarUm abraço
Uma manifestação que eu tb faço quase todos os dias, pela dor da ausencia
ResponderEliminarEste doer é incurável. Obrigado.
EliminarTambém eu me quedo em respeitoso silêncio, L.
ResponderEliminarAbraço grande
Obrigado pela consideração.
EliminarUm abraço
A maravilhosa foto abriu-me um sorriso.
ResponderEliminarMas ao ler o seu poema, ele fechou-se. Curvo-me a esta dor.
Um Abraço.
Fico sensibilizado com o seu comentário. Obrigado.
EliminarUm abraço
Não posso ajudá-lo, mas compreendo essa lacuna nos seus afectos de menino.
ResponderEliminarDor tão profunda, que ainda hoje perdura. Compreendo-o porque conheço essa dor.
Venho por solidariedade, pelo respeito que me merece essa falha que o marcou.
E venho, porque hoje seria o dia de aniversário do seu Pai.
Fique bem e, sobretudo, fique em Paz.
O seu carinhoso e compreensivo comentário foi tocante. Fico reconhecido e deixo aqui um abraço. Obrigado.
EliminarUma foto maravilhosa.
ResponderEliminarHá momentos na vida, em que nenhuma frase no mundo pode expressar o que sentimos.
É o que me acontece agora depois de ler o seu poema.
Deixo um abraço
Agradeço a solidariedade, fico a perceber que o que ficou escrito na publicação de hoje não é estranho ao sentir de muitos de nós.
EliminarUm abraço.
Infelizmente senti bastante esse poema. Num tempo em que o trabalho me tomava o tempo todo e não deixava muito para preencher com a família :(( !!!
ResponderEliminarCada um com a sua experiência. Obrigado.
EliminarUm abraço
Luis, entrei apenas para deixar um beijo e desejar-lhe um feliz mês de Março.
ResponderEliminarSaio em silêncio respeitoso, porquê conheço o tamanho dessa dor.
Até um dia destes, senhor poeta.
É sempre um gosto receber a sua esperada visita. Obrigado pelas palavras que aqui deixou.
EliminarUm abraço
Comprendo tu sentimiento, porque yo también he pasado por este trance.
ResponderEliminarBesos
Por lo que veo, es una situación común.
EliminarMuchas gracias. Un abrazo amigo.
Pai
ResponderEliminarOs barcos do silêncio
percorro os barcos do silêncio.
em Janeiro te perdi. em lugares de pedra te deixei. eu sei que não regressas mais.
a vila ainda tem o cais que guarda estórias de água, de segredos espalhados no solarengo decorrer dos dias.
as mulheres cujos rostos denunciavam mágoas escondidas já não usam xales de cores pretas.
passou – já - tanto tempo. que é apenas uma parte que ficou guardado nas memórias de mim.
relembro a força da dor. o tempo comprime-se e foi ontem que passaste a proteger-me incorpóreo.
foi tão forte essa dor. ficou aprisionada e ainda hoje a sinto igual. e assim sempre será no dia um do mês de Janeiro de todos os anos que hão de vir.
é certo que o teu corpo foi embora. mas o teu sorriso e a tua gargalhada ficaram a ecoar no mar. e em mim.
as lágrimas insistem em cair neste tempo certo ou incerto de mim.
a casa na praia já não existe e não faz parte da rua dos barcos o teu nome.
só resta esta saudade que não sara – que não deixo - nos meus barcos do silêncio.
© Piedade Araújo Sol
2012-01-02
O mesmo sentimento e um belo poema que fica como uma homenagem.
EliminarFico reconhecido pelo envio deste seu poema.
Um abraço