Não voltes 


É de noite, sim 

vi luz por baixo da tua porta. 

Sei que já não vives aí 

sei que a tua casa 

é uma gruta de memórias

escura ___

___ mas vi luz por baixo da tua porta

o soalho cede e range

apenas à ideia dos teus passos

sei que já não vives aí 

mas vi luz por baixo da tua porta 

é o sinal que me dás

que tens medo de voltar. 


Mesmo assim 

deixa ficar esse traço de luz 

enquanto não passar o nevoeiro

e eu tiver uma parte do meu corpo

irrequieta.



 

19 comentários:

  1. As memórias vivem connosco e destroem nos
    De dentro para fora

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  2. As memórias são, todas, passíveis de serem usadas e reconstruídas, ainda que sobre tela ou nos versos de um poema; são um dos nossos mais belos e frutuosos patrimónios.

    Por isso, L., a minha casa também é um palácio.

    Forte abraço!

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  3. A minha casa não é um Palácio,
    nem pelo luxo, nem por me dar __
    __ muita alegria.

    É o lugar em que tenho de viver,
    sem résteas de luz a espreitar
    sob as portas__
    __ seja noite ou seja dia.

    Gostei muito do seu poema mas, por favor, veja se mantém TODAS as partes do seu corpo irrequietas.
    Sobretudo, a imaginação.

    Bom dia.
    Um abraço.

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    1. Vou tentar, mas a imaginação não, ela deve ser irrequieta tal como a curiosidade.
      As résteas de luz estão em lugares improváveis é aí que entra a imaginação.
      Obrigado, bom dia, um abraço.

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  4. Por vezes "vemos" o que quer gostaríamos de ver.


    Bom final de semana


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    1. Sim, confundimos o desejo com a realidade.
      Obrigado, um abraço.

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  5. A minha casa sempre foi um palácio.
    Ás vezes amarelo,
    tão brilhante como o sol da Alegria
    que enchia de riso, quartos e salas.
    Outras vezes cinzento,
    muito escuro.
    Tão escuro quanto a dor
    que desventrava o meu corpo
    e se esparramava pelo chão.
    Por vezes cheio de música
    como riso de crianças
    brincando no parque.
    Outras tão silencioso,
    como espirito amordaçado pelo medo.
    Mas a minha casa, sempre foi um palácio.
    Abraço e saúde

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    1. A nossa casa era vida mas, todos foram para as suas casas, agora a Nossa Casa somos nós.
      Obrigado pelo poema descritivo e verdadeiro que fala do que nos é comum.
      Um abraço.

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  6. Quando uma parte do corpo está irrequieta e vemos um traço de luz por baixo da porta, de certeza que é um convite para voltar.

    A minha casa, é o meu palácio !
    Um abraço!


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    1. Por detrás do traço de luz não havia ninguém.
      A nossa casa é a Nossa Casa.
      Um abraço

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  7. À minha casa, aquela que há pouco
    deixei de dizer ser nossa
    tem dias, que é palácio
    tem dias, que é gruta
    tem dias que é ginásio
    outros ainda, jardim

    Gosto da minha casa
    E a minha casa gosta de mim

    (com este desconfinamento, um dia destes ligo-te)

    Abraço, largo!

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    1. A nossa casa é tudo o que quisermos é tudo para nós. Quando ligares cá estarei.
      Um abraço

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  8. A casa
    a luz debaixo da porta
    pode ser tudo ou nada
    a casa pode ter luz e nao ter ninguem
    a casa pode nao ter luz e ter alguem

    e a porta deve se abrir
    um dia
    outro dia
    ou quem sabe
    bater na porta para ver se a luz está acesa por esquecimento

    beijinhos
    :)

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    1. Interessante para mim como autor do texto são essas incógnitas a que cada um responderá para si próprio e isso será outra história.
      Um abraço, obrigado pelas visitas.

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