Acrílico sobre tela engradada pintada no verso 30X30 cm.



A mim que


Já não sinto a tua falta 

disseste-me. 

     A mim que viajei a 220 à hora 

     nas estradas de Espanha 

     com pressa de chegar a Madrid. 

     Encontrei-te. 

     Os traços brancos estavam 

     a roubar-te o corpo 

     a escuridão em que estavas 

     era a luz dentro de ti 

     só dentro de ti 

     que te queimava. 

Já não sinto a tua falta 

disseste-me. 

     A mim que já te tinha oferecido 

     a ideia não vendida nos bares

     de que os nossos sonhos 

     também mudam 

     mesmo no caos. 

     As tuas palavras foram claras

     e quase certas. 

Já não sinto a tua falta 

disseste-me. 


É tão austera a casa de um homem. 






20 comentários:


  1. Há bocas que mentem, olhos que mentem... será que até os corações mentem?
    Ou era tudo verdade!?

    Não me consigo habituar à ideia de pintar "telas do avesso"...
    (^^)

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    1. No texto de hoje a verdade não está em dúvida. No entanto cada leitor faz a sua interpretação, o que eu acho do máximo interesse.
      Obrigado. Boa noite.

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  2. Então, se ela não sente a falta do poeta, não valeu a pena a corrida pelas estradas de Espanha.
    Embora gostasse do poema — a tela é que me fascinou completamente: original que me lembra uma janela aberta para o mundo.

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    1. Acontece termos uma desilusão ao pensarmos que alguém precisa de nós.
      A tela foi da minha última (última por não ter havido outra ainda) exposição.

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  3. Uma verdadeira manifestação de sentimentos, tão contraditórios

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  4. Em dado momento da nossa vida, todos corremos ao encontro de algo ou de alguém, pensando sermos necessários.
    Mais do que amor e dedicação, move-nos o altruísmo.
    Se nos desiludimos, a culpa não foi nossa, sequer da causa ou da outra pessoa.
    Simplesmente, por muito que tenhamos corrido, chegamos tarde, só isso...

    Muito bonita e interessante a tela e essa inovadora forma de pintar.
    Apreciei tudo com bastante agrado.
    Parabéns ao seu autor.

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    1. O seu comentário é construtivo e é uma análise da realidade com que nos confrontamos em algum momento da vida.
      É compensador que tenha gostado.
      Agradeço à Dona Antonieta as suas esclarecidas visitas.

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  5. E, provavelmente, sente-a, ou nem sequer o teria afirmado...

    Gosto muito da tela pintada no verso. Tenho pena de nunca ter experimentado fazê-lo, quando ainda podia pintar...

    Forte abraço, L.

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    1. Vejo que hoje melhorou da sua vista.
      Tudo tem um tempo na vida, também gostaria de ter feito mais coisas mas, só com o tempo vamos descobrindo, demos conta do recado no passado,agora vamos fazendo o que é possível.
      Um abraço

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  6. Gosto muito da tela. Sempre associo o triângulo ao espiritual. A nossa alma, ou para quem não acredita o eu individual. Pronto eu diria que a parte branca representa a parte física, aquela onde o autor de sente confortável, a escura aquela em que não entra por não acreditar embora o azul, exerça uma certa atração e curiosidade. E agora é aquela parte em que o meu amigo dá uma risada e abana a cabeça, como quem diz: Que interpretação tão parva.
    Quanto ao poema, nunca são agradáveis as roturas, nem as despedidas. Muito mais quando da nossa parte se teve empenho em que tudo corresse bem. Mas o que mais me impressionou foi o verso final.
    Parece-me que aquela casa é uma metáfora da própria vida.
    Abraço, saúde e se puder e quiser passe pelo Sexta. Penso que um artista como o Luís vai gostar de ver.

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    1. Não dei risada, antes pelo contrário, fiquei sério porque as interpretações que cada leitor faz sejam do texto sejam da imagem, devem ser tomadas em conta e são uma recompensa para quem criou alguma coisa. Gostei muito.
      Quanto ao texto estou de acordo com o que disse.
      Vou lá ver, sim.
      Um abraço

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  7. De repente cae la venda de los ojos y sabe que lo mejor es olvidar.

    Besos

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    1. Nunca olvidamos el rechazo de alguien a quien ayudamos. Un abrazo.

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  8. Uma viagem decisiva.
    O tempo muda tudo, a aparência e os sonhos.
    Será a casa austera do poeta, essa tela ?

    Um abraço

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    1. O tempo muda tudo, sim, acaba com tudo mas não apaga da memória, apenas cobre a memória.
      Um abraço.

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  9. É tão austera a casa de um homem?
    É
    Mas nesse reconhecimento deixa de ser
    (quando retomo actividades dela
    passa a ser a casa que era)

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  10. Ai! que palavras cruéis!
    "Já não sinto a tua falta"
    acho que me magoaria muito.
    :(

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