A tua casa banal


Descreves-me o lugar onde moras, 

consegues explicar porque vives

nesse monte incandescente

onde não se reconhecem

as marcas dos teus passos

e aceitas que todo tu és dores

nesse caminho. 

Surpreendo-me como digeres

as tuas próprias palavras

e como não precisas de ninguém 

para chorar contigo

porque até as dunas junto à tua casa

desaparecerão 

ou pensas que a tua casa

é a erecção perfeita?




 

27 comentários:

  1. Pelo menos a aguarela não é banal.
    De repente vi um carro ultra-moderno com uma casa azul em cima.
    Embora esse carro represente um monte incandescente.
    A minha imaginação nocturna é um tanto absurda.

    Falta-me a perspicácia para desfolhar o poema em erecção perfeita.
    Digo simplesmente boa noite 💤 e tento amanhã novamente.

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    1. Tive de me rir com o seu comentário. Espero um novo exame ao texto e o seu parecer.

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  2. Continuando na absurdidade nocturna — ouço o eu-lírico do POETA descrevendo a sua própria casa e a perplexidade perante a vida.

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    1. A casa é um elemento muito presente no que escrevo e no que pinto.

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  3. Um poema em erecção
    Ora ai está um conceito interessante
    Nunca tinha pensado

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  4. A minha casa é, e nela existe, a ereção perfeita...digo eu...
    .
    Feliz fim de semana … abraço

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    1. Erigir uma casa tem vários aspectos a considerar.
      Bom fim de semana.

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  5. Curioso, os meus semi-cegos olhos matinais viram quase, quase o mesmo que os nocturnos olhos da Ematejoca; a diferença residiu na casa que eu vi como capota, tejadilho ou lá como se chame a "parte de cima" de um veículo automóvel...

    O poema é todo ele uma interpelação, à qual responderia, sem hesitar, que este é o (meu) caminho das dores menos insuportáveis, que desisti, há muito, de encontrar uma companhia mais perfeita do que a da poesia e que não sou tão imatura que precise de acreditar que atingi a edificação/erecção perfeita para sentir que valeu a pena ter nascido e vivido.

    Não resisti a esta resposta, L., desculpe.


    Quanto à erecção, é uma edificação, os termos são praticamente sinónimos; tanto posso erguer/alçar/erigir uma casa como edificá-la...

    (e quem diz casa, diz obra...)

    Forte abraço!

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    1. brancas nuvens negras8 de maio de 2021 às 12:19
      Gostei muitíssimo do seu comentário, da sua análise, da identificação com o seu caso pessoal e da retirada da carga que a palavra erecção transporta e que introduzi no texto intencionalmente.
      Tudo muito interessante o que disse. Agradeço-lhe.
      Um abraço.

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    2. Na relação entre os dois POETAS não existe “Guerras do Alecrim e da Manjerona”, existe sim, uma sintonia perfeita.
      A união poética de duas almas gémeas.

      Uma admiradora que vos abraça neste sábado cinzento.

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    3. Obrigado pelo abraço. Aproveito para lhe dizer a si e à Maria João que também já vejo um automóvel no "raio" (em tom amigável) da aguarela.

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  6. Hoje não me foi possível vir até cá, atempadamente...Resultado, sinto-me como quando se chega ao baile já bastante tarde e os pares estão todos formados...
    Tudo o que poderia ser dito, inclusivé a ideia do automóvel, que também me ocorreu mal olhei para aguarela, já foi largamente mencionado. Resta-me subscrever o que foi dito, e bem, pela Poetisa Mª João.

    Já no que respeita à casinha azul, não a vejo acoplada ao 'carro' e sim numa perspectiva longínqua, daí o seu diminuto tamanho em relação ao veículo.
    Uma aguarela diferente das nuvens habituais. Acho que o autor andam cheio de vontade de nos surpreender, será?

    Tenha uma boa tarde!

    .

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    1. Lembra-se daquele modelo Citroën boca-de-sapo?
      Este carro é tal e qual!

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    2. Não chegou tarde. Quando ólho para a imagem já me parece, de facto, um automóvel. Lembro-me bem desse modelo Citroen. Oxalá chegue a noite para deixar essa imagem para trás. Quanto ao texto verifico que mais uma vez a imagem ocultou as palavras.
      Muito Obrigado e uma Boa Tarde também para si.

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    3. Fez-me rir com essa sua aflição com a aguarela insidiosa que se travestiu de outra coisa...😋 Deixe lá.

      Quanto às palavras reconheço que foram um pouco absorvidas pela 'força motriz' da aguarela, mas não esquecidas, não senhor!

      Quando refiro subscrever o que foi já dito, refiro-me justamente às palavras e não ao resto. Isso é outra coisa.
      Eu é que não me expliquei bem.

      Um abraço.

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    4. Compete-me agradecer a gentileza deste seu esclarecimento.
      Um abraço também.

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  7. Não se ria, mas quando olhei a aguarela, pareceu-me ver duas patas de um animal imaginário, e uma casa erecta ao longe :)

    A imaginação tem destas coisas :)

    Um abraço.

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    1. Rio-me mas de boa disposição, afinal a imagem ocupou a imaginação dos leitores.
      Muito Obrigado
      Um abraço

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    2. Uma achega à interpretação da Fē sobre imagem na primeira fração de segundos que a vi: eu vi uma tartaruga. 😊

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    3. Hoje, a imagem provocou na imaginação interpretações surpreendentes.
      Obrigado por mais uma.

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  8. Cada uno puede describir el lugar donde se encuentra, cada lugar tiene unas determinadas características que lo hace disitnguir de los emás.

    Besos

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    1. Es cierto, puede que nos guste o no el lugar donde vivimos. Un abrazo.

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  9. Lindas e belas frases, gostei de voltar a passar por aqui, falando na minha casa, eu adoro imenso a minha casa, é uma casa linda e confortável, desejo um bom domingo para ti, muita saúde e muita paz, muitos beijinhos e fica bem!!

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    1. Obrigado pela tua vinda. Ainda bem que a tua casa é bonita.
      Bom domingo.

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  10. há casas e casas
    esta casa está suportada por duas grandes pedras
    mas deve ser segura e do alto daquele monte deve ser bom
    a nossa casa é o nosso refúgio e se houver dias maus outros menos maus virão.
    o poema é um pouco angustiante, mas é um belo poema.

    :)

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