A tua casa
A casa é antiga
mas nas paredes ainda brancas
de um branco mais vagaroso
as sombras
são das vozes antigas
reconhecíveis
ainda ali como outrora
perdidas com o perfume do sândalo.
Aquele Deus em que só tu acreditavas
ainda lhe senti a brisa
à sua passagem.
Naquela casa as manhãs
eram o pão ainda quente
as cerejas, as nêsperas
e um sol diferente das outras casas.
No armário já velho
com as portas descaídas
deixaste
mãe
o teu casaco.
A idade dos nossos medos é a idade das nossas rotinas
ResponderEliminarA nossa idade é a constatação da nossa idade.
EliminarO que escreveu aqui o POETA é que é um POEMA.
ResponderEliminarCOMOVIDA, digo simplesmente boa-noite!!
Desejos de uma noite descansada, em paz.
EliminarMuito lindo o poema_ a casa é sempre um refúgio
ResponderEliminarEncontro aqui um artista completo que compõe o que quiser , seja nas letras, nos pincéis, na vida.
Gostei muito.
Agradeço o seu simpático comentário, é sempre um gosto receber a sua visita.
EliminarUm abraço.
Não vou ignorar a aguarela e todo o poema, mas confesso que fui completamente conquistada pela ideia de "branco mais vagaroso" que, para mim, seria um "branco demorado" já que (de)mora ainda na memória revivida, junto do deus em que só a rememorada acreditou, do pão quente, das cerejas, das nêsperas, do armário velho e do casaco que fecha o lento desfile de memórias como um pano de boca de cena que cai, no final. Tudo tão belo, L.
ResponderEliminarForte abraço!
Gostei muito do seu comentário, o reforço que fez de certos elementos do texto e que as suas palavras enriqueceram. Muito obrigado por esta visita matinal.
EliminarUm abraço.
Tela muito bonita mas não tenho conhecimentos que me permitam comentar o seu conteúdo. O poema é magistral. Lindo demais. O meu elogio. Saudade da mãe que partiu para o reino dos Céus, quem as não tem?
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos
.
Obrigado pela adesão ao teor do texto, todos ou quase todos passamos por isto.
EliminarCumprimentos também.
No centro desse fundo negro da aguarela, representativo ( assim o sinto ) de uma dor que o autor carrega desde menino, está a luminosidade da casa materna, numa lembrança doce e triste. Há como que o desejo de exorcisar essa dor profunda que ainda persiste.
ResponderEliminarSem pretender ser lamechas, ocorre-me algo que me ficou da meninice; a leitura de algo sobre a dor de um menino que lamentava para outro, nunca ter conhecido o que era o amor de Mãe. A resposta, que me marcou profundamente, ainda hoje a não compreendo totalmente: "ÉS mais feliz do que eu, que tive Mãe, e morreu.
Um abraço.
A figura da mãe congrega uma série de referências inapagaveis da nossa vida e nessas referências há alegrias mas também muitos lamentos. Compreendemos hoje, aqui chegados, que muitas coisas poderiam ter sido diferentes mas, temos de ter a capacidade de fazer análises à luz da realidade da época.
EliminarA análise da imagem é bem conseguida.
Um abraço
Beleza e sensibilidade não faltam nesta publicação.
ResponderEliminarDe memórias boas e más somos feitos. Saibamos viver com elas.
Beijo.
As memórias estão sempre a querer saltar para o papel e... eu deixo.
EliminarUm abraço
Se nisso encontra calma, deixe que saltem.
EliminarSoubesse eu escrever versos que chegassem ao céu, neles diria tudo o que ficou por dizer.
Beijo, boa quarta-feira.
Estou certo que vai conseguir, tente.
EliminarUm abraço
Siempre acuden a nuestra mente recuerdos de nuestra niñez. Tambiçen yo recuerdo la casa en que vivía con mis padres y el hermoso patio encalado de cal blanca. Había macetas alrededor del patio y otro grupo de ellas colgadas en las blancas paredes.
ResponderEliminarBesos
Siempre hay objetos, sonidos y casas, que nos transportan a nuestra juventud o incluso antes de nuestra juventud. Es bueno recordar. Un abrazo
EliminarBonito o que foi escrito ! Também sinto a falta de alguém aqui por casa.
ResponderEliminarTodos nós sentimos a falta de alguém em algum momento.
EliminarUm poema que podia ser meu.
ResponderEliminarTudo me é familiar.
Em vez de cerejas e nesperas, seriam maçãs e peras.
E no armário velho não um casaco, mas vários além dos vestidos floridos que ela tanto gostava.
Muito belo isso que escreveu além de ser comovente,
:)
Muitos de nós têm recordações idênticas.
EliminarUm abraço