Foto de Ana Duarte
No declínio
Espanto-me como ainda estou vivo.
Folheio a minha lista telefónica ___
___ risco os que já morreram
___ risco os que raramente me procuram
ficando à minha espera
___ risco os que ainda não tendo morrido
já se esqueceram de mim
ou já não me reconhecem
somos o nosso próprio silêncio.
Espanto-me como ainda estou vivo.
Reconcilio-me com a vida
e deslumbro-me com os filhos
concebidos como um acto poético.
Ainda sou capaz de sentir o chamamento
mas no declínio
parece-me que de repente
todos ficaram mais velhos.
A vida ganha novas formas com o tempo.
ResponderEliminarFormas mais definidas
Mas nem sempre melhores. Obrigado.
EliminarLi e não quis comentar, porque o poema é demasiadamente triste — todavia não me sai da cabeça.
ResponderEliminarQuando o poeta escreve que se deslumbra com os filhos concebidos como um acto poético — o poema ganha qualidade e beleza.
A floresta || o bosque da fotografia está também em declínio sem perder a dignidade e beleza.
Boa noite!!
Como não estou em casa, não me posso levantar, quando me apetece.
O seu comentário de hoje falou do texto e eu concordo com o que disse. A foto casa perfeitamente com o texto. Tocou a sua sensibilidade visto que lhe ficou na memória durante um momento, é um agrado para mim.
EliminarNão ficou na minha memória durante um momento, mas sim durante quase duas horas; me obrigou a levantar e escrever emocionalmente o meu sentir.
EliminarParece ou ficaram mesmo? É maravilhoso quando os filhos são concebidos como sendo um ato poético. Deveria ser sempre assim.
ResponderEliminarUns que morreram, outros que nos esqueceram. Nós (muitos de...) também, esquecemos muitas vezes os mortos e os vivos. Na minha humilde opinião, penso que, nesse capítulo, ninguém é melhor, nem diferente de ninguém. Gostei da intensidade do poema. A foto fez-me lembrar os carreiros da minha terra. Muito bonita.
Sim, também nós esquecemos alguns.
EliminarMuito Obrigado.
Gostei da fotografia e do poema, que não achei nada triste.
ResponderEliminarÉ somente a constatação da realidade de quem o escreveu, onde,curiosamente, me revejo
É certo que nos dói sermos esquecidos - ou pensar que o somos, só porque não nos provam amiúde que pensam em nós - é certo que nos espantamos por ainda nos sentirmos vivos e palpitantes, quando tantos outros que fizeram parte da nossa vida já partiram. ( ainda ontem senti igual espanto)
Saibamos viver, ainda que descendo.
Já tivemos o nosso tempo de subida...que se cumpra, pois, a lei da vida... :) (desculpe o 'tom' moralista)
Um abraço.
Sempre me regozijo com os seus comentários e com a identificação com o que deixo escrito. Muito obrigado pelo que diz e que enriquece as minhas ideias.
EliminarSaúde, um abraço.
Muito belo, este seu DECLÍNIO, L.
ResponderEliminarEspelho-me nele, sim. Todos os dias me espanto por ainda estar lúcida, já que me cansei do espanto de ainda viver.
TODOS os poucos que realmente me conheceram ao longo da vida, partiram. Morreram precocemente, quase todos, e se conheceram o declínio, conheceram-no muito antes do tempo em que ele se torna inevitável.
Forte abraço!
Com a partida dos mais velhos do que nós e já de alguns ainda mais novos do que nós chego a pensar que já parece mal persistirmos em nos mantermos vivos.
EliminarSaúde, um abraço.
Csda día que pasa es un paso menos que tenemos que dar, para llegar al final del camino. Somos viajeros de l vida y cada uno se baja en una distinta estación.
ResponderEliminarBesos
Muy interesante tu comentario y la imagen que diste de nuestro viaje en la vida. Muchas gracias. Un abrazo.
EliminarÉ verdade! Passamos todos pelo declínio, mas alguns ainda sentem o chamamento, o que é bom.
ResponderEliminarA fotografia parece outonal, mas gostei, Luís.
Abraço.
Muito obrigado por ter vindo e por ter comentado. Ainda temos sensibilidade, ainda sentimos.
EliminarUm abraço.
É a lei da vida!
ResponderEliminarTodos nós cada dia que passa também vamos envelhecendo, mas, que o declínio do corpo, não acompanhe o dos nossos neurónios.
Afinal, temos de pensar que todas as faixas etárias tem a sua beleza.
Eu sei, que é díficil de aceitar e gerir, mas tudo é um ciclo.
Gostei do poema Caro Poeta e Amigo
Abraço apertado e um beijo carinhoso.
:)
O seu comentário enriquece o texto que publiquei. Temos de ter uma certa resignação quanto à passagem do tempo.
EliminarAgradeço o afecto. Um abraço.
Declínio, é não sentir tudo o que aqui sente.
ResponderEliminarA foto, uma espera de renovação.
Um abraço.
O seu comentário é simpático, agradeço.
EliminarUm abraço
O amor não escolhe cor!
ResponderEliminarEle é além do superego.
Por isso que o amor é cego
E a nós, ser superior
Visto que Deus é Amor.
Seja pelo amor de Deus
Se me apaixono, os meus
Sentimentos são a ela
E com a cabeça em procela,
Sou mais descrente que ateus!
Belo poema! Parabéns! Abraço cordial! Laerte.
Agradeço o seu comentário em forma de poema e a sua visita que retribuirei.
EliminarUm abraço