Eu vi

eu amei

tu sabes


Já lá vão cinquenta anos 

por muito que hoje negues

sei que penduravas  

o teu sexo no estendal. 

Espreitavas à janela 

quando a tua rua 

era o único caminho ___

___ nunca ouvi a tua voz 

nunca alcancei a tua mão 

mas foste minha amante 

na festa da minha juventude. 

Já lá vão cinquenta anos 

por muito que hoje eu negue 

sabes que vi o teu sexo 

pendurado no estendal.



 

14 comentários:

  1. Esta declaração poética a puxar para o erotismo, declamada pela voz pausada de João Villaret,
    deveria produzir o mesmo efeito que teve em mim, há cinquenta anos, aqueles versos que nunca mais irei esquecer:

    Ó minha descaradona
    Tira a roupa da janela
    Que essa camisa sem dona
    Lembra-me a dona, sem ela


    Nunca mais pendurei a minha roupa interior no estendal. Até hoje...

    A aguarela é de uma suavidade tal que ameniza a dureza das palavras.
    Bela postagem!!
    Um abraço, boa noite.

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    1. Situação comprometedora, inocente mas a estimular os olhares.
      Obrigado pela visita imediata.
      Boa Noite, um abraço.

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    2. nunca ouviste sua voz
      nunca alcançaste a sua mão
      mas foi tua amante
      na festa da tua juventude.

      Que importa o que viste no estendal?

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    3. O que vi no estendal foi o que originou essa festa.

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  2. A “diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão” disse o criador da Teoria da Relatividade.
    Eu digo simplesmente que o sexo que penduro no estendal tem a cor azul.

    Desculpem a intromissão, mas a quadra lá em cima tem um piadão.

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    1. Uma persistente ilusão, será "relativamente" ao lugar onde estamos colocados.
      Também achei muita piada à quadra.

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  3. Han pasado muchos años y lo recuerdas como si fuera ayer.

    Besos

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  4. Belos, poema e festiva aguarela.

    Apaixonei-me aos catorze anos " d`un coup d`oeil" e foi essa a única vez que me apaixonei a sério... nesse sentido e para a vida toda, claro. Compreendo, no entanto. Compreendo.

    Forte abraço, L.

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  5. Gostei do poema e da aguarela. Tal como a Maria João só me apaixonei uma vez, há quase 60 anos e para a vida toda.
    Abraço, saúde e feliz Novembro

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    1. Felizes os que vivem uma única paixão e para sempre, não é para todos.
      Saúde, um abraço.

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